segunda-feira, novembro 08, 2010
O Sensation, o megalomaníaco e o amadorismo
Quando meus amigos do sul e sudeste me perguntam como é Rio Branco, a capital do tão tão distante Acre, eu respondo sempre do mesmo modo: é uma cidade grande em miniatura. De fato, a concepção que muitos tem do que é o Acre é bastante errada. E eu tenho um prazer muito grande em desconstruir a imagem errada e mostrar que sim, existe muita coisa boa de se fazer aqui, e um mundo novo a se descobrir. O que não acaba sendo incomum é como muitas dessas pessoas que acabam conhecendo o Acre criem um certo fascínio, principalmente sobre a velha história de: um local distante e desconhecido onde tanto é possível.
Porém, é exatamente em sua busca por se tornar algo grande com atitudes fora de contexto que Rio Branco mais peca, principalmente numa das áreas que mais movimenta dinheiro no estado: entretenimento.
Recentemente, Rio Branco teve realizada a sua primeira edição da internacionalmente badalada Skol Sensation. Para que você que não sabe, a Skol Sensation teve sua 1ª edição realizada em 2009 em São Paulo. Esse ano foi sucesso sem tamanho, lotou o já grande Anhembi com 40 mil pessoas vestidas de branco, um exército de DJ’s internacionais, 7 horas de festa e um sistema de atendimento eficiente e pouco tumultuado.
Então, por que realizar uma Skol Sensation Acre? Fácil, sucesso garantido sobre um nome tão poderoso, embora também chamada aqui de White Sensation. A festa reuniu quase 2 mil pessoas (consideradas a nata de Rio Branco devido ao valor do ingresso), além de movimentar bastante o comércio de roupas, com lojas estampando peças brancas em suas vitrines. Tudo para ser um sucesso se não houvesse uma forte tradição em desorganização de festas que teima em persistir em Rio Branco.
Motivo de piada para o país inteiro, a festa da Skol Sensation Acre teve sua cerveja consumida antes das 3h da madrugada. Com o hábito acreano de se começar uma festa apenas depois da meia noite, junto ao fato de que a bebida é o essencial combustível de um evento desse porte, o resultado não poderia ser mais desastroso. Houve tumulto, revolta, e um bar foi quebrado pelos participantes. Para muitos, pagaram um alto valor por apenas 3 horas de festa.
Era de se imaginar que com o preço do ingresso como estava (Antecipados: Inteira R$50, Meia R$25, Camarote R$80, sem direito a nenhuma consumação) que o amadorismo não fosse imperar e Rio Branco teria uma mega festa de respeito. Um erro. E um grande desrespeito dos organizadores de festas no Acre que gostam de se usar de conceitos megalomaníacos para criar situações como essas, subestimando a capacidade do público. Resultado, muitas pessoas frustradas, irritadas e uma falação negativa sem tamanho.
O que se aprende na publicidade é que a melhor propaganda é a boca a boca, a pior também. E como xingar no Twitter é o esporte do ano, poucos assuntos foram mais comentados nas últimas 48 horas que esse. Indo para o Orkut também.
Já há público em Rio Branco para os mais diversos eventos. E muitos já perceberam isso e investem (geralmente de forma errada). Os organizadores da Skol Sensation estão rindo a toa. O lucro obtido deve ter sido assombroso (talvez o mesmo do famigerado Baile Vermelho e Preto, porque o pessoal gosta de cores pelo jeito), e com certeza outra edição será realizada ano que vem, maior, porém sem nenhuma garantia de menos problemática. A falta de exigência do público acreano que em sua maioria gosta de ostentar como se todos fossem paulistas, condizendo com os fatos ocorridos, também não ajuda.
Resta esperar se a agenda de eventos acreanos continuará a crescer em festas mas não em qualidade. As grandes festas de fim de ano e reveillon estão próximas, prometendo mundos e fundos (vejam só, por exemplo, em Rio Branco festa que anuncia ter banheiro químico já é considerada com mega estrutura).
Em tempo: com o nome oficial pouco divulgado de White Sensation, seria a Skol Sensation acreana realmente um evento oficial da chancela Skol?
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