segunda-feira, julho 14, 2008

A volta dos que não foram

Depois de um ano e quatro meses, o Teatro Plácido de Castro é mais uma vez o palco do Los Porongas. Na oportunidade anterior, o quarteto lançou o CD “Los Porongas”, produzido por Phillipe Seabra, da Plebe Rude. Aquela ocasião também ficou marcada como a despedida deles do Acre – atualmente, moram em São Paulo. Tudo isso gerou uma grande expectativa sobre o “Los Porongas convida” realizado no último sábado (12/07).

O Teatrão recebeu uma platéia razoável, principalmente se levarmos em conta que se apresentaram artistas com carreira musical iniciada em nossa terra e as entradas custando R$10 e R$5 (meia). Não há dúvida que Los Porongas cativou o seu lugar na história do rock acreano, e seus fãs não se resumem em seguidores de determinado estilo musical.

Toda essa ansiedade atrapalhou bastante. A começar pelos mais de 50 minutos de atraso. Um desrespeito com o público que não é exclusividade desse show, mas é uma triste tradição dos eventos musicais da cidade. “Suspeito de Si” abriu a noite, seguida por “Lego das Palavras”. Era visível o nervosismo dos integrantes e alguns erros técnicos. Porém, a partir de “Tudo ao Contrário” o palco – que, a essa altura, já reunia um bom número de “tietes” nas proximidades – apresentava a velha e boa performance dos Porongas.

Eis um daqueles pontos difíceis que costumam dividir os fãs: apresentar algo novo ou manter o que sempre deu certo? Admito certa frustração em ver que nada mudou. A Terra da Garoa serviu para a divulgação e inserção da banda no cenário nacional – inclusive rendeu a gravação do DVD, através do projeto Toca Brasil, no Instituto Itaú Cultural, com lançamento previsto para setembro – além do aprendizado em situações como o episódio com o Senhor F e a Barraventos. Porém, o repertório permanece exatamente como antes. Inclusive as músicas para cover. Novo mesmo, foi ver o baterista Jorge Anzol chorar – no encontro com o mestre Hermógenes – roubando a marca registrada do vocalista Diogo Soares.

Enfim, os convidados...

Brincadeiras a parte, o ponto alto da apresentação foram as ótimas escolhas de convidados que fizeram participações especiais. Primeiro com o amigo-fã-guitarrista da Nicles, Glauber Jansen, que assumiu a guitarra na música “Enquanto Uns Dormem”. Seguindo o roteiro, foi a vez de Diogo “vazar” – palavras do guitarrista João Eduardo – e dar lugar para o vocalista da Camundogs, Aarão Prado, cantar “Como o Sol”. Boas atuações, mas sem empolgação.

“A pessoa no Acre que melhor canta Beatles.”, foi a definição criada por Diogo para anunciar a vinda de Edunira Assef. Nada mais justo. Cantando “Come Together”, os dois entraram em um transe contagioso, conversaram em espanhol, clamaram justiça e emocionaram.

Após “Ao Cruzeiro” e “Não Há” – cantadas em coro com os fãs – chega outro grande momento da noite: a participação do baterista, louco e show-man, Hermógenes. Saído lá do fundão da platéia, Hermógenes surge tocando um instrumento de sopro, que confesso não saber exatamente qual é. Hora de assumir as baquetas, ao lado de Anzol,  e tocar “Metamorfose Ambulante” de Raul Seixas e, logo após, “SOS” da banda Capu. Bonita homenagem aos pioneiros do rock acreano autoral.

De acordo com o roteiro, tudo se encerraria com “Espelho de Narciso”, mas é claro que algumas músicas mais antigas eram paradas obrigatórias. Foi o caso de “Vovó Alice” e “Zumbi”. Além do cover d’O Rappa, “Homem Amarelo”, com participação de Lucas Maná (Dona Xica) que não cantou, mas fez alguns "UoÔ". Nostalgia dos corredores da UFAC.

Faltou aquilo que diferencia show ao vivo de uma gravação de DVD: surpresa. Tudo correu exatamente como se esperava – salvo algumas “atravessadas” que não são comuns nas apresentações deles. A banda explicou em algumas entrevistas recentes que a estrutura oferecida pela nova produtora deve liberá-los de alguns contratempos, dando assim espaço para novas composições. É esperar para ver.

26 comentários:

  1. Anônimo2:19 PM

    Oi Elder, eu acho genial ver pessoas escrevendo sobre musica no Acre, acho também que as criticas só ajudam o artista a crescer na sua profissão.
    Agora me permita fazer uma pequena, porem importante observação a respeito da sua resenha.
    Os Porongas não estavam gravando um DVD como vc colocou no artigo, o DVD que vc se refere e que tem o lançamento previsto para Setembro desse ano, foi gravado eu Julho do ano passado em São Paulo no teatro do Itáu Cultural.
    Te desejo muita sorte e um pouquinho mais de informação, na sua função de Jornalista musical?
    Eu e os teus leitores agradecemos.

    Jorge Anzol.

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  2. "A Terra da Garoa serviu para a divulgação e inserção da banda no cenário nacional – inclusive rendeu a gravação do DVD, através do projeto Toca Brasil, no Instituto Itaú Cultural, com lançamento previsto para setembro".

    Valeu pelo elogio, Anzol, mas acho que vc leu errado. Releia o trecho acima (não foi consertado, essa postagem é a mesma que vc leu). Abraços

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  3. Sim, eu tenho algo a falar, sobre esse show que eu não fui, não fui porque sabia que nada de novo iria acontecer, não me assusta saber se é ainda mais do mesmo, algumas pessoas tem medo do novo. E como diria a Nicles, o medo é a voz do silencio.

    Silencio para os fãs mais exigentes e um enorme espetáculo mágico com todas as alegorias que a floresta pode nos oferecer para os fãs mais jovens dessa banda. Frustração de um lado, euforia do outro.

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  4. Helder, eu assino embaixo!

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  5. Anônimo4:21 PM

    Alem de ser mal informado vc é desonesto.
    Li o texto, e não constava a informação acima citada.

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  6. Caro Anzol, tenho provas que o texto postado não foi alterado. De cara pensei em não postar uma resposta, pois deu pra notar uma dificuldade em interpretação de textos, mas não é só você que lê este blog. Admiro sim teu trabalho, mas vejo um certo orgulho tolo que não admite que não leu corretamente. Mas fique tranquilo, dislexia tem tratamento.

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  7. Enjôo típico de quem já andou de catraia, if you know what I mean.

    Tudo bem!

    P.S: Helder, li seu texto assim que foi publicado e sim, já continha o trecho em questão. Mais do mesmo, texto muito bem escrito, vale a pena ressaltar.

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  8. Anônimo5:51 PM

    Eu também assino embaixo, Helder. Você me enviou o texto antes de postar, e depois dessa, abri o arquivo, reli e lá estava a informação corretíssima e o texto muito bem escrito. Acho que mesmo se o erro tivesse ocorrido, não necessitaria um comentário tão emburrado como o do Anzol. Prefiro um texto com impressões sinceras e escrito por quem realmente estava observando o show, do que textos como os do Humberto Finatti, que faz de tudo menos assistir os shows que se propõe a resenhar. O show foi bonito, emocionante em alguns momentos, com uma iluminação espetacular, arranjos legais, mas deixou os que acompanham a banda a muito tempo com a sensação de "mais do mesmo", mesmo.

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  9. Peraê galera! o que vocês esperavam da banda que vocês ajudaram a crescer? Um show pirotécnico, uma megaprodução digna de não-sei-onde. E agora cruzam os braços exigindo mais e mais como sanguessugas? Entretenham-nos, dizem vocês, enquanto bocejam. Peraê, críticas sim. Mas isso ae jah eh falta de educação. As duas críticas são tão parecidas quanto o show que vocês dizem ser o mais do mesmo. Tomem vergonha e aprendam a escrever (evitando o lugar comum) Ou tomem nos seus respectivos cús!

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  10. Anônimo1:51 PM

    Afff...cresci vendo produções sem produções nesse estado. E tenho plena convicção de que melhoramos e muito...mas, a caminhada ainda é longa.

    Aqui temos poucos iluminadores como o Rabicó e o Ricardo (fazendo milagres), sem melhores treinamentos ou equipamentos, e isso serve também para os técnicos de som. Incentivo quase nenhum... Mas, o Acre tem dessas coisas, tudo é muito novo, tudo é muito distante e tudo é muito caseiro também...e talvez seja essa a magia...

    Infelizmente, não fui ao show, mas sei que convidar Edunyra, Dudu (que há vinte anos luta para realizar o Boca, show nascido no seio do movimento de mulheres) para cantar é convidar a amiga, acreana, arquiteta, artista...Sei que convidar o Lucas para subir ao palco, é cantar com o amigo, amigo com quem compartilham sonhos, convivem...filho de Concita e Terry, pai de Maná. E, é isso, felizmente, somos ainda uma terra de filhos de Concita, Eranyra, Célia, Cristina, Maria...e isso nos faz se sentir afagado ao chegar em casa.

    E, por fim, o Roberto Carlos (que minha leiguice não permite entender porque é dito rei) está ai, há 40 anos cantando a mesma coisa...e é rei... Costumamos ir assistir shows no Ginásio do SESI que atrasam duas horas...

    Os Porongas voltaram de férias para casa, para cantar para os amigos e com os amigos...e isso é importante. Porque uma das definições de ser rei é salientar-se entre outros...e meus amigos se salientam entre outros desconhecidos, mixados, gravados...etc.

    É isso, a caminhada ainda é longa, mas possível...os pontos de vista são vários...como explicar fenômenos como Calipso e outras coisas do tipo?...se vários não fossem os pontos de vista...

    Antes a produção improvisada dos Porongas e o som melodioso...do que...

    Criticar sempre, depreciar não é preciso...

    Milena Brandão

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  11. Anônimo3:28 PM

    Parece que alguns não entenderam que os dois textos foram escritos, em primeiro lugar, por fãs que, nessa condição, temem justamente que a banda caia na mesmice. A própria banda demonstrou ter entendido isso.

    O que surpreende - e entristece - são essas agressões absurdas, gratuitas e sem sentido que alguns se apressam a disparar, sem ao menos terem lido os textos com um mínimo de atenção. E ainda vêm falar em "falta de educação"...

    Ademais, onde é que se está a depreciar a banda, afinal?
    Sinceramente, não é preciso muito pra perceber que são textos de admiradores, que parecem querer ver o trabalho do grupo cada vez mais bem feito e que, pra isso, dizem o que não gostaram, ao invés de aplaudirem simplesmente. Cadê o monstro que se está a pintar?


    E, aos exaltados:

    Acordem! Não lutamos todos pela mesma coisa (o fortalecimento da música acreana)?
    Imbecil é não enxergar isso.

    ...

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  12. Tem gente que ergue a bandeira e esquece de olhar pra frente. Só olha pra ela, nunca pra frente.

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  13. Anônimo6:24 PM

    pourra, sao fans?
    eu naum queria ter fans assim
    ironiazinha sacana dessa gente

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  14. Oi Helder, às vezes Júnior... hahaha
    acabei vindo aqui conferir a polêmica...
    1º - tô com uma invejinha no corpo todo desse teu jeito de escrever, o que eu mais gosto é dessa forma sincera como tu escreve. Acho que o fato da "Cena Acreana" estar recheada de amigos-músicos e músicos-amigos atrapalha (ou ajuda) um pouco.
    2º - Depois de séculos sem ir a show nenhum na cidade, acabei indo ver os Porongas, gostei de ter ido, gostei de ter visto o João conduzindo o piano com aquele agito dele, e o pé lá sempre sapateando, de fato não há nada de novo, mas é como dissesse, é esperar pra ver, né?
    3º - é pecado dizer que o Hermógenes é o Portnoy acreano? (nas devidas proporções...)

    4º - espero não apanhar
    hahahahah

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  15. Anônimo12:24 AM

    O povo acostumou com as resenhas de amigo para amigo, leia as resenhas de shows que acontece aqui em Rio Branco, todo show parece ser perfeito e a gente sabe que não é, temos que aceitar críticas, é assim que vamos crescer...
    Se a gente tivesse esse costume, essa resenha não seria motivo para tantos comentários.

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  16. Anônimo12:25 AM

    último Anônimo = Ricardinho

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  17. Anônimo12:42 AM

    Já se esqueceram do show, já se esqueceram das resenhas... Mais uma vez, parece que tudo se resume ao "nós contra eles"...

    Sendo assim, só pra esclarecer: quer dizer que só "os de lá" é que podem ser fãs, e "os de cá" não?


    seja como for, uma coisa é certa: no fim, todos perdem...

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  18. Anônimo12:26 PM

    Lendo assim parecem resenhas com um pretenso anseio de ser blase. pra uma critica dessa eh preciso estar distante. E eh injusto se posicionar com distanciamento sendo que o artista em questão,
    que as vezes eh o colega do futebl, da mesa de bar ou das piadas de fim de festa, está logo ali talvez esperando um toque sincero que lhe corrija erros e não uma pedrada disfarssada de sorriso

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  19. Anônimo2:57 PM

    Será que o Batman vai ser dublado?? Vai ser uma merda se for hein... :/

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  20. Anônimo4:07 PM

    depende! se for dublado como esse aqui http://www.youtube.com/watch?v=Izn2Pq5t2aQ

    vale a pena

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  21. Pessoal façam resenha sobre os eventos de metal que ta rolando a gente não ficará com raiva pode falar mal ou falar bem mas falem da gente tbm...

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  22. Anônimo11:21 AM

    é isso ai Fale mal ou fale bem mais fale do Metal também !
    kkkkkkkkkkkkkkk

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  23. Paulo Salles, não vejo irônia alguma no texto, pelo contrário, vejo o relato sincero de um cara que curte música boa e se vê carente de mais músicas boas, que resolveu escrever e comentar o show dando sua opinião pessoal. Ponto.

    Los Porongas gravaram o DVD ano passado, com lançamento para setembro desse ano. Acredito que não teria nexo se eles fizessem um show de lançamento do DVD recheados de músicas novas em cima das boas músicas antigas (que consta no DVD). E a divulgação do DVD? são as músicas que alí estão. É o trabalho do grupo.
    Acho que o processo de criação vem ao longo do tempo, tenho certeza que letras novas virão, tão boas quanto as outras.
    Se, na opinião da banda o momento é digulgar o DVD com as músicas antigas, que os façam, e devem!

    Eu quero música nova, meu vizinho quer música nova, vocês querem música nova. O que fica é o relato do colaborador baseado no repertório atual.
    Toda boa pessoa que usa um pouco de bom senso ver isso como algo positivo, e nessa discussão que paramos pra pensar é vermos que esse tipo de cobrança é necessário e se faz presente, não só aqui, mas em todo mundo. Não há nada no texto que vá sujar o nome da banda, que vai abalar a carreira profissional dela, não mesmo.
    É verdade que existe críticas que não são vistas com bons olhos e não vêm para o bem, de alguma forma ela está aculá para ser jogada as traças, e só. Creio que não foi o caso aqui.

    Helder e Porongas, sucesso na vida de vocês!

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  24. PUTS, Já vi muitas apresentações massa dos porongas e e algumas não tão boas... Mas essa eu não vi da visão que vcs viram...
    Vi dos bastidores, Digo a quem interessar que não é nada fácil montar uma estrutura que foi montada... Todos os membros estiveram empenhado no espetáculo em si, desde cedo. Eu cheguei lá às 14:00 e eles já estavam lá trampando (mão-na-massa mesmo). O atrazo não foi culpa dos porongas. E sim o cuidado de Fazer as coisas parecerem perfeitas. Eu gosto das coisas bem feitas, sou bem perfeccionista. Não estou defendendo a banda e sim expondo om eu ponto de vista. Sei que pra quem já está acostumado a ver o Show dos porongas acharam a mesma coisa... Porém com mais detalhes vemos nas mesmas músicas solos improvisados dando outra intenção ao momento, há novas passagens de uma música pra outra que achei muito massa da forma que foi feita... Não pude aprecisar o espetáculo com vista da plateia... mas o que eu ouvi me agradou... Mas como é até um pouco difícil agradar a todos... espero que não ser tão grosso quando eu atravessar nos solos da nicles... e vale deixar a "deixa" que sempre atravesso hahaha... Só não pode perder a pose... que daí a galera que faz resenha percebe... aí é foda... hsuahusha
    Mas que "NADA" mudou é um pouco cedo pra dizer...
    Mas respeito a opinião, helder... Assim como sei que sou respeitado pelo grito... Abração Helder... Gostei da Resenha... o/
    "G.J"

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  25. Não assisti ao show, mas a resenha me fez vislumbrá-lo! Dae percebi que já havia ido a esse show! Só que noutra oportunidade! A crítica/resenha é ótima, c/ td o respeito à Banda! Vida longa, sr. Helder Júnior!

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  26. Anônimo11:50 PM

    Mais uma dessa o Helder pega as contas da FGB

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