terça-feira, outubro 07, 2008

Top 10 Cinebiografias

A transposição de musica para as telas do cinema sempre foi uma máxima da indústria cinematográfica. No ramo das cinebiografias, a coisa é bem mais complexa. É evidente que não é qualquer um que ganha um filme inteiro falando sobre sua trajetória pessoal ou da sua banda, apenas aqueles que marcam história. Nunca é algo do momento, é algo de uma geração inteira. Não é difícil portanto, que em cinebiografias, os diretores dessas obras sejam verdadeiros fãs daqueles que eles estão tentando reproduzir com máxima eficiência em película.

Também não é fácil fazer uma cinebiografia e agradar a todos. Geralmente, fãs saem indignados das seções com aquilo que foi retratado sobre seus ídolos. Isso porque é difícil transpor a musicalidade de um cantor, ou de um grupo, num filme e juntar isso com trajetória e vida pessoal. No cinema, o maior peso é sempre para a dramatização, a obra musical sempre é deixada um pouco de lado, a imagem que você verá será apenas daquilo que foi especulado, boatos, gerou livros e biografias polêmicas do seu ídolo. Algumas obras se tornam genais, outras são decepcionantes.

Com base nisso, o site Cinemas e Afins, realizou Top 10 Cinebiografias de Músicos, que adapto com alguns comentários meus aqui:

1. The Doors (The Doors) – 1991
O diretor Oliver Stone acertou em cheio ao chamar o ator Val Kilmer para interpretar o louquíssimo Jim Morrison, ele entrou de tal forma no papel, que em alguns momentos chegamos a confundir os dois. O filme é digno das músicas da banda: é uma viagem. Ao assistir o filme você chega a se sentir entorpecido, como se estivesse na pele de um dos personagens que estão “doidões” de tanto ácido. Se você é fã da banda e ainda não assistiu (o que é pouco provável) corra para a internet e compre ou baixe, já que o filme é praticamente impossível de ser achado em dvd nas locadoras. Se você não é fã, também vale a pena conferir pelas ótimas atuações de Kilmer e Meg Ryan e curtir a participação de Billy Idol.

2. Amadeus (Mozart) – 1984
Milos Forman leva a tela a obra e vida do gigante da música clássica Wolfgang Amadeus Mozart. O personagem principal é na verdade é Antonio Salieri, um homem que odiou Mozart em vida. No filme ele confessa como foi responsável pela morte do jovem compositor e conta detalhadamente como conheceu, conviveu e passou a odiar o músico. O filme ganhou 8 Oscars, incluindo melhor filme e melhor diretor. Sem dúvida um filme que não deve faltar na estante de um grande apreciador de cinema e música clássica.

3. Não estou lá (Bob Dylan) – 2007
“Todos são ele. Nenhum é ele.” O filme mostra a carreira e vida do cantor Bob Dylan, separando de forma absurdamente genial todas as “personalidades” que Dylan passou ao longo da carreira. Em constante mutação, o cantor é interpretado por vários atores (Christian Bale, Cate Blanchett, Heath Ledger, Marcus Carl Franklin, Richard Gere e Ben Whishaw, um espetáculo por parte de cada um, mas com a “personalidades” mais fodas sendo representadas por Blanchett e Ledger) e nenhum deles leva o nome de Bob Dylan ao personagem. É uma obra interessantíssima exatamente por isso, mostrar facetas de uma mesma pessoa, como se ela fosse várias. Pessoalmente é de longe um dos meus filmes favoritos, a obra é incrível, os fãs de Dylan deliram, a dosagem de musicalidade e drama são quase perfeitas. Um verdadeiro mergulho na vida e obra de um dos maiores monstros musicais da história.

4. Johnny & June (Johnny Cash) – 2005
A história do cantor Johnny Cash é retratada de forma fiel, mostrando desde sua infância em uma fazenda de algodão até o inicio do sucesso. Mostra ainda como o grande amor de sua vida June Carter foi a única capaz de salvá-lo de um caminho de autodestruição que sua vida tomava rumo. Conta com atuações supremas de Joaquin Phoenix e Reese Whiterspoon nos papéis títulos. O que rendeu a Reese o Oscar de melhor atriz. Para quem pouco conhece a obra de Cash (como eu), é com certeza uma boa pedida. Todas as mulheres lá de casa se emocionaram horrores com esse filme.

5. Ray (Ray Charles) – 2004
O ator Jamie Foxx se destacou de forma estrondosa nesta obra que conta a vida do cantor cego Ray Charles. O Filme mostra desde o nascimento, a perda da visão, a descoberta do dom no teclado, até o vicio em drogas. Pontuado de flash-backs, o filme traduz todas as fazes desse gênio que morreu deixando um grande vazio para a música mundial. A crítica só tinha olhos para uma coisa nesse filme, a atuação assombrosa de Jamie Foxx, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator. O filme em si não foi tão querido. O roteiro abusou um pouco no drama, carregado demais, e deixou a musicalidade do gênio Ray Charles um tanto de lado.

6. Controle – A História de Ian Curtis (Joy Division) – 2007
O filme conta a conturbada trajetória do vocalista da banda Joy Division, Ian Curtis, considerado um gênio da musica, cujas baladas marcaram época, mas que devido a uma vida muito agitada e de problemas emocionais e pessoais intensos, sofrendo até mesmo de epilepsia, se matou. Os integrantes que sobraram criaram o New Order. O filme foi idolatrado na Inglaterra, considerado por alguns como o filme do ano, porém, no resto do mundo dividiu a crítica, embora a balança para positivo tenha pesado bem mais. O filme é todo rodado em preto e branco, mesmo com uma qualidade visual impecável. O roteiro é baseado apenas em fatos verídicos, nada de lendas, apresentações pequenas ou bastidores, a musica tambem é pouco explorada. O drama, as vezes maçante, de Curtis é o ponto alto. Porém, a atuação de Sam Riley como Curtis emocionou até o menor dos fãs.

7. Cazuza – O Tempo Não Para (Cazuza)
O único filme nacional a participar desta lista. O filme é um relato tocante da vida, carreira e morte de um dos maiores gênios do rock nacional. Cazuza era um poeta, um perdido, um louco. Ouso dizer que era um “Vinicius de Moraes com guitarra elétrica e sob o efeito de entorpecentes”. Obra baseada no livro escrito por sua mãe, esta mostra como a vida que Cazuza levava era intensa e sem rumo. Era um daqueles que se não morresse de Aids, morreria de overdose, acidente de carro, ou qualquer coisa resultado de seu estilo de vida. A atuação do jovem Daniel de Oliveira nos proporciona praticamente uma viagem no tempo, tamanha dedicação em “entrar no personagem” que este teve. Um dos filmes brasileiros mais marcantes dos últimos anos, conquistou até os maiores céticos do cinema nacional.

8. La Bamba (Richie Valens)
Richard Stephen Valenzuela, mais conhecido como Ritchie Valens, marcou o final dos anos 50 com uma carreira meteórica, recheada de sucessos e pontuada por uma das canções mais famosas de todos os tempos: “La Bamba“. O filme mostra sua carreira. É um filme leve, bem digno de seção da tarde, mas mesmo assim delicioso de se assistir.

9. A Fera do Rock (Jerry Lee Lewis) - 1989
Uma cinebiografia injustamente esquecida, uma explosão de som e imagem, que, para a época de lançamento, foi delicioso ver. Dennis Quaid está fantástico no papel de Lewis, se mostrando empolgado em frente ao piano. O filme conta também o envolvimento de Lewis com Myra Gale Lewis, com quem se casou quando ela tinha apenas 13 anos de idade. Tendo um elenco arrasador que conta com a participação de Alec Baldwin e Winona Rider, o filme realmente não deveria ser esquecido e merece um lugar nessa lista.

10. 8 Mile – Rua das Ilusões (Eminem) – 2002
Eminem teve e ainda tem um momento de gloria nos corações dos Rapers de plantão. O filme conta um pouco de sua vida conturbada, e como, em meio a tantos problemas, resolveu ingressar no movimento hip-hop para extravasar. Mostrando apenas o início da carreira de Eminem, o filme decepcionou fãs que esperavam mais de sua história, mas nem por isso não deve ser lembrado. É um dos relatos mais fiéis de um ícone da nova geração, coisa que não estamos acostumados a ver, visto que a maior parte das cinebiografias se foca em ídolos do passado. Vencedor inusitado do Oscar de Melhor Canção, com uma entrega de prêmio mais inusitada ainda.

Eu não sei vocês, mas dá vontade de realizar um Festival de Cinema só com cinebiografias.

PS: A 6ª posição do Top 10 foi originalmente ocupada pelo filme The Wonders – O Sonho Não Acabou, que eu não considerei digno da posição por se tratar de uma cinebiografia fake, ou seja, de uma banda que nunca existiu, assim, substitui pelo filme mais próximo de minha memória, Controle.

10 comentários:

  1. Adorei o post, Samuel...e dos filmes relacionados, o único que ainda não vi e penso em me matar às vezes por isso é o I'm Not There. Não só por todas as críticas que li a respeito do filme, mas também por ser a vida e obra do Dylan, que pra mim é ídolo.

    E Amadeus é uma das coisas mais incríveis que tive oportunidade de ver em tela grande.

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  2. pense em se matar seriamente Daniela...
    uaauhuahau

    I'm not there é realmente muito bom... sério, mesmo depois de quase um ano tendo assistido o filme, me pego pensando em momentos marcantes dele frequentemente

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  3. Quanta ironia né ? " A crítica só tinha olhos para uma coisa..."
    Sobre Ray Charles soa como humor negro. Hehehe

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  4. Este é o Gil!

    Acho que depois seria interessante marcar de assistir esses videos aí um por um. Alguém aí topa?

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  5. naum esquenta, adaildo...

    marcaremos no circuito!

    jah estah caminhando para os acertos finais!

    idéia do Handré, ou seria André?

    serve?

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  6. eu tava imaginando q um tipo de festival temático seria ótimo com essas cinebiografias...
    acesso aos filmes eu tenho (le-se: são faceis de baixar em grande maioria), mas saber como se organiza essas coisas é q é o com elas
    rsrs

    e Gil, pow, eu realmente nao me toquei do que eu escrevi nessa parte... sério mesmo, foi mó inocencia, mas agora soa hilário
    hahahaha

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  7. A gente pode ver em espaços públicos, tipo Hélio Melo, Usina...se não, junta todo mundo na casa do Neto mesmo. Bróder é bróder.

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  8. Ei, o Handreh trabalha na FEM, ele pode sugerir a exibição desses filmes naquelas sessões diárias do Hélio Melo.

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  9. Anônimo5:09 PM

    Calma, engraçado ter sugido essa discussão. Semana passada eu conversei com alguma pessoas exatamente sobre a criação do CineROCK, como carga audiovisual do projeto A Cidade se Diverte, com essa temática mais rock n' roll e ver esse post foi ótimo, me deu mais idéias sobre títulos que podem ser exibidos. Por enquanto é uma idéia, mas seria massa ter o Samuel ajudando e também ter no final de cada sessão um debate com algum cinéfilo ou músico, não sei. Mas a idéia já existe sim, não sei se esse realmente vai ser o nome... e a princípio o CineROCK seria mensal, sempre aos sábados, dependendo da aceitação a gente pode fazer quinzenal, mas enfim, ainda estamos nas negociações.
    o/

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  10. Anônimo5:10 PM

    Como eu usei a palavra idéia tantas vezes, Jesus.

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