Como surgiu o projeto do livro?
O livro é na verdade uma reportagem que nunca foi publicada. A revista Veja, em 1997, teve a idéia de publicar uma série de especiais sobre a história do Brasil pra ser distribuída como brinde para os leitores, e eu fiquei encarregado de coordenar uma equipe que faria o 1808. A revista desistiu do projeto, mas eu estava envolvido com a pesquisa, por isso levei adiante. Durante dez anos pesquisei e li sobre a história do Brasil e resolvi transformar no livro, que foi apresentado na Bienal do Rio de Janeiro de 2007.
Você teve grandes surpresas com esse trabalho?
Um deles é que o livro virou best seller. É uma obra sobre a história do Brasil.
O que isso representa?
É uma questão intrigante, porque se trata de um livro sobre história do Brasil, assunto que geralmente não é procurado, apesar desta obra ter suas virtudes, linguagem jornalística, acessível, capa atraente, provocativa. Mas ele é mais que isso. O Brasil de hoje ficou complicado de entender, e as pessoas estão fazendo correto, buscando no passado o entendimento para o presente. Quem não estuda a história não conhece a si próprio. A história tem o objetivo de iluminar o passado, para entender o presente e projetar o futuro de forma mais estruturada, menos improvisada. O fato de estar vendendo bem é um sinal de maturidade da sociedade brasileira.
Tem mais surpresas?
Sim. Apesar da importância fundamental para o país, esse período retratado no livro, proporcionalmente, era desconhecido para os brasileiros. O excesso de caricatura que acompanha os personagens também é muito interessante. São pessoas bastante comuns de carne e osso. Hoje em Brasília você também encontra um monte de gente caricata. O erro é resumir esses personagens retratados na obra simplesmente à caricatura. Elas transformaram o Brasil da colônia o deixando pronto para a independência, mas não fizeram por benevolência, foram obrigados a isso.
Foram dez anos de pesquisa, o trabalho do jornalista Laurentino foi essencial...
Sim. O livro é uma grande reportagem, ganhou prêmio como grande reportagem. Foi um trabalho feito com disciplina, calma. Planejei com muita antecedência, apliquei nele o que aprendi nas redações como repórter e editor. Por isso, defino como livro-reportagem, porque é uma grande reportagem, mas a diferença é que todos os personagens estão mortos, a técnica de apuração se prendeu aos livros.
É sua primeira viagem ao Acre?
Morei em Belém, tenho uma filha que nasceu lá, e trabalhei na região durante dois anos como repórter da Veja. Conheci o Acre, inclusive, conheci pessoalmente Chico Mendes. Estou surpreso com as mudanças na região, tenho certeza que ficarei muito surpreso com o Acre.
E sua parceria com o Sempre um Papo...
É uma parceria maravilhosa, desde que lancei o livro participo do projeto. Significa uma experiência muito recompensadora. A tarefa do escritor não se esgota quando entrega os originais à editora. O mais interessante e importante vem com o contato com os leitores. É uma experiência pessoal magnífica. O livro é um objeto transformador e só conseguimos medir isso no contato com leitores. O Sempre Um Papo é o projeto que mais consegue projetar isso.
(Andréa Zílio)
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