segunda-feira, julho 05, 2010

Impressões Festival Casarão - Parte 2

*Este texto estava previsto para ser postado no sábado. Mas no último fim de semana, alguns bairros sofreram uma queda de rede, e eu passei o sábado e domingo inteiros sem internet. Então, aí vai a segunda parte da resenha. Grato.

O terceiro dia de festival começou novamente as 15:30 com uma oficina proveitosa de audiovisual, ministrada pelo cinegrafista da amazon Sat, Orlando Junior. Com experiência e rodagem por vários festivais independentes, Orlando mostrou um pouco do seu trabalho, mostrou alguns video clipes que produziu e deu dicas para a galera interessada no trampo de
áudio visual.

Na noite do dia 18, o festival mudou de local, e passou a rolar na casa noturna Kabana`s, que é um enorme galpão cuja arquitetura assemelha-se a à parte interna da nossa conhecida Mamão Café (onde aconteceram as duas primeiras edições do Festival Varadouro).

A primeira banda a se apresentar no terceiro dia foi a improvisada Soda Acústica.
Algumas baixas marcaram o terceiro dia de festival, pois as bandas Cabocriolo (AM), The Name (SP) e a caseira Coveiros, não conseguiram comparecer ao evento. Tendo três baixas em um mesmo dia de festival, a produção correu atrás de algumas bandas para suprir os horários, mas apenas a banda Soda Acústica compareceu.

O improviso foi muito bem recebido, o Soda Acústica é uma banda que merece mais atenção, pois além de ser uma banda ativa na cena, tem um som relaxante, coerente, interessante e muito bem feito. Uma banda que as vezes soa limpa e simples, mas pode soar também pesada e complexa. Músicas compactas e melodias bem trabalhadas, outra boa surpresa no festival.
Logo depois da “boa surpresa improvisada”, sobe ao palco principal a banda Theoria das Cordas. A primeira impressão que tive era de uma banda com um som pesado, já que o aspecto Heavy Metal dos guitarristas era muito presente. Pena, que minhas impressões nem sempre são concluídas. A banda tenta ser tudo de uma vez, mas acaba conseguindo ser nada, uma grande mistura que não funcionou. Nada a reclamar dos músicos e nem da execução, a não ser a atuação do vocalista, muito esdrúxula, chegava a incomodar. Dois guitarristas Head bangers, que com certeza se dariam bem melhor numa banda de Heavy Metal.

De volta ao “palco 2” a terceira banda da noite era a acreana Survive!
Sempre com o show pesado, a Survive já tem um público formado em Porto Velho, era impressionante ver os fãs da banda cantando as músicas, se debatento em rodas, vibrando, aplaudindo e enlouquecendo a cada música. Uma verdadeira aula de presença de palco, os “Survivors” não pararam de bater cabeça durante toda a apresentação.
Um pouco antes do show dos caras, conversei com o vocalista Max Dean, que tinha um desabafo a fazer:
“- Esta é a segunda vez que a banda vem ao Festival Casarão escalada para tocar no palco principal, e em cima da hora, nos passam para o palco secundário. Parabéns para a organização.” (Max Dean)

Infelizmente com as baixas das bandas, o esquema de escalação teve que ser mudado.

Subindo ao palco principal, estava uma das grandes atrações da noite. Se tratava da Comunidade Nin-Jitsu (RS). A banda firmada na cena Rio Grandense é especialista no seu Rock Eletro-batidão. A Comunidade tem um show animadíssimo, muito competente e dançante, que em muito lembra o funk carioca. A grande diferença está nas letras, sarcásticas e irreverentes. Embalado pelo grande rit “Ah, eu tô sem erva!”, o público dançou e curtiu muito o som dos caras. Belo show.

No palco secundário subia a “Prata da casa”, Hey hey hey!
Com um som direto, bem rock’n’roll, sem frescura nenhuma, a banda fez um dos shows mais elogiados da noite. Mesmo estando de nova formação, os caras fizeram um show seguro e o novo baixista Ramon segurou a onda. Faltam bandas como essa, que soa arrastada, objetiva e sonoramente bem resolvida. Essa foi a Hey hey hey!

O ultimo show da noite ficou por conta da cearense Cidadão Instigado (CE).
Não tinha visto o show da banda aqui em Rio Branco, o que só percebi ter sido uma pena, quando os vi em Porto Velho. Uma bela de uma banda, com um baita de um som psicodélico, muito influenciado pelas bandas psicodélicas das décadas de 70 e 80, principalmente Pink Floyd. A extensão no final de cada música, eram muito bem feitas, e ao contrario do que acontece muito porai, não chegavam a enjoar e fazer-nos pensar “Ta bom, acaba logo com isso.” E sim “Nossa, como isso é bom!”.
O show ainda guardava uma participação especial de Edgard Scandurra, que junto com o Cidadão, tocou clássicos de sua época de Ira!

O interessante foram as loucuras eletrônicas de Scandurra, após o show do cidadão. A pena, é que muita gente foi embora antes de começar o verdadeiro show de Scandurra, por pensar que a festa tinha acabado. Uma falta de comunicação.
Edgard tocou para mais ou menos 20 pessoas, com a mesma empolgação que o faria tocar para 2 mil. Está de parabéns pela vontade de fazer esse som. Vale lembrar que as tais 20 pessoas ficara, curtiram e dançaram do começo ao fim.

No quarto e último dia da festival, não houve oficina, portanto pude dormir até um pouco mais tarde, já que a rotina de correria com oficina/passagem/show estava me deixando bem cansado.
A passagem de som foi um pouco tensa, os rapazes do Nevilton (PR) ficaram encarregados de preparar a sonora do palco B, e tiveram muito trabalho pra deixar o som nos “trinques”, mas conseguiram!

A noite de sábado começou com a banda “Jam”, que também participou da passagem de som. Chegamos um pouco atrasados e não vi a apresentação dos caras, porém, o que percebi na passagem de som foram 4 jovens rapazes, fãs de Red Hot Chilli Peppers, muito talentosos.

Em seguida: Sub Pop de Vilhena. Uma banda muito legal sonoramente, segue a tendência Indie. Visualmente parece meio forçada, como se cada integrante estivesse numa “vibe” diferente. Músicas pegajosas (no bom sentido). Embora o vocalista semitone as vezes, toca muito bem a guitarra, e compensa na força de vontade. Destaque para o cover “Quem sabe” dos Hermanos.

A Rhox (MT), que faz parte do circuito fora-do-eixo, através do Espaço Cubo de Cuiabá, subiu ao palco com muita confiança. Os músicos pareceram relaxados e dispostos a quebrarem tudo. Show seguro, pesado e cheio de presença com o vocalista Andrézão. Superando os problemas com a afinação do baixo, os músicos fizeram um show agradável e pesado. Boa banda.

Os “Capelinos (TO)” foram a quarta baixa do Festival. Então o quarto show ficou a cargo da “Strep”. A banda fez sua segunda apresentação no festival, tendo tocado também no segundo dia. O show foi praticamente o mesmo, trocando apenas os covers. Mantenho a mesma opinião da primeira resenha. Desta vez, destaque para o cover “All my life” do Foo Fighters.

Logo após a Strep, vem a banda representante do Coletivo C.A.O.S. Ultimato.
A destruição do Nu Metal da Ultimato começou a todo vapor. A banda liderada por Diego Bentes, fez mais um de seus shows fortes e energéticos, e desta vez, com uma certa desenvoltura do Baixista Gracildo Junior, que normalmente empunha o baixo de forma estática, desta vez, estava sentindo realmente o feed back do público, e respondendo. A presença de palco de Bruno José, guitarrista, e a técnica de Rodolfo Bártolo, baterista, já são famosas pela cidade.

No palco B, subia o trio de Ji-paraná, Di Marco.
Banda que já tem uma rodagem por toda Rondônia, e uma certa experiência. Fizeram um show seguro, porém, a técnica dos músicos é algo que precisa ser melhor trabalhada. A banda fez um show bem planejado, parece que tudo foi pensado, para que o repertório fosse casado da melhor maneira possível, inclusive uma “eskete” com uma música dos nossos queridos Porongas “tudo ao contrário”.

Enfim, chegada a hora dos Superguidis (RS). Para mim, a banda mais esperada da noite, apresentou músicas de seus três discos. Confesso que não prestei muita atenção na parte técnica dos músicos, pois estava pulando e cantando todas as canções. Porém, Superguidis já é uma banda consolidada na cena independente com uma grande rodagem de shows, creio que não seja necessária uma análise técnica. Assim como não será necessária também, analisar tecnicamente as próximas duas bandas,

O Nevilton (PR) tem hoje, um dos melhores shows independentes, e isso ficou comprovado com a reação do público. Foi bem perceptível pessoas de várias idades no público curtindo muito o som dos caras. Destaque para o rit “Bolo Espacial”. Com certeza estou ansioso para quem sabe, assistir um próximo show dos caras. Recomendo muito essa banda.

E para fechar com chave de ouro a melhor das noites do Festival Casarão, nada mais, nada menos do que Móveis Coloniais de Acaju (DF). Um show digno de encerramento, sempre com a principal característica dos shows do MCA, energia, correria de um lado pro outro, e ótimas canções com destaque para a voz suave, simples e grave de André Gonzáles. A clássica roda de Copacabana, com direito a Stage Dive de Xande Bursztyn, que toca o Trombone.

O saldo do Festival Casarão foi positivíssimo. Ótimas bandas, nível de apresentações, no mínimo alto. Alguns pecados cometidos pela organização, porém, nada que tenha tirado o brilhantismo do evento, que além de ser uma alternativa para a boa música, tem o papel de fomentar a cultura e incentivar a produção de música autoral no estado de Rondônia.

Até a próxima.

4 comentários:

  1. Legal as resenhas. Imparcial e dizendo o que achou. Gosto assim. Temos muito o que agradecer as bandas e a quem veio de fora cobrir.

    Só uma ressalva, o desabafo da Survive me pegou de surpresa, a banda foi escalada desde o primeiro momento no palco menor, se puderem ver a programação, sempre foi antes da Comunidade Nin Jitsu, o que ocorreu. Se faltaram bandas antes, nao alteraram onde a banda iria se apresentar.

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  2. Bonita Resenha! Tem um errinho ali no texto: Nevilton é do Paraná.
    http://www.nevilton.com.br

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  3. Anônimo1:27 PM

    max vive dando piti em publico com organização de festivais..proximo show vai querer 100 toalhinhas brancas no camarim..survive só se queima nessas

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  4. Opa Tiago, o erro foi consertado! Na verdade, foi uma falta de atenção! hehe Abraços!

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