Fotos e texto por André Lima
A exposição teve início no começo deste mês no Theatro Hélio Melo e agora continua no Museu da Borracha que fica aberto de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 18h e aos sábados, domingos e feriados das 16h às 21h. Mikéliton está em Rio Branco desde julho onde criou toda a exposição e agora mostra em suas pinturas e desenhos o seu olhar sobre a nossa cidade. Sua principal idéia é retratar as 27 capitais brasileiras com o objetivo final de ter uma coleção pessoal do país inteiro, além de divulgar o seu trabalho. Outras capitais já retratadas foram Fortaleza, São Luís, Manaus, Belém, Boa Vista e Porto Velho.ENTREVISTA
[Realizada no começo deste mês na Fundação Elias Mansour]
Como você definiria seu estilo?
Meu estilo é como o impressionismo moderno. O estilo, pelo que eu compreendo ou o que estou percebendo é a característica própria do pintor. É mais ou menos como um jogador de futebol, você tem o Maradona, tem o Ronaldinho Gaúcho e tem o Raí, por exemplo, são três jogadores bons, só que quando eles jogam, quando estão com as bolas nos pés, eles a movimentam de forma diferente, de uma forma individual, então essa forma individual é o que eu compreendo por ser estilo. No caso da pintura, o estilo é a marca pessoal de cada indivíduo, no caso o pintor. Cada pintor tem sua característica própria, alguns são marcantes e obtém grande reconhecimento por suas obras e outros não.
O que realmente o inspira para compor suas obras?
Praticamente tudo, a sensibilidade é o que fala mais alto na hora, pinto de pessoas a cidades.
Que técnicas você utiliza no seu trabalho ?
Ainda estou descobrindo e experimentando algumas técnicas, por enquanto trabalho mesmo com a pintura a óleo e estou experimentando os pastéis, os lápis e as aquarelas. Pra que eu tenha domínio, eu preciso de algumas coisas como experimentar, observar e compreender. Coisa que eu tenho feito estudando esses elementos. Eu comecei primeiro com o óleo e depois vou passar pra outros materiais, inclusive pintura em parede, pintura de cenário, pintura de casas completas, por exemplo, usando um carro ou uma pessoa como suporte. Nas minhas obras, aqui em Rio Branco, eu usei o óleo, os pastéis e os lápis.
Quanto tempo demorou para criar a exposição “As Cores de Rio Branco”?
Fiquei três meses produzindo sem parar, pintando de manhã, de tarde e de noite, todos os dias de domingo a domingo e fazendo alguns estudos. Comecei a exposição em outubro, que tem como objetivo apresentar os meus trabalhos para o maior número de pessoas independente do seu nível social. Meus trabalhos já foram expostos no TRF, para os estudantes do colégio CERBR, pros universitários e agora está exposto para o maior número possível de pessoas.
O que mais chamou sua atenção aqui em nosso estado pra criar seu trabalho?
A natureza! A natureza do Acre. A cidade em si, a organização estrutural da cidade e a organização geográfica, as construções que foram reformadas e estão mudando a cara da cidade, como a Gameleira e Mercado Velho, enfim, toda a estrutura e organização da cidade, por isso a maior parte da exposição foram paisagens que é o que vem me inspirando.
Como se dá essa proposta de retratar através da pintura as cidades que você tem percorrido?
A minha proposta é a seguinte, estou tentando fazer uma coleção que represente o Brasil, seria uma espécie de documentário só que através da pintura e do desenho. Eu tenho pegado às paisagens do Brasil através das principais cidades, que são as capitais, por isso eu produzo uma exposição sobre cada capital, dessa exposição eu retiro cerca de seis telas para representar essa cidade e criar um arquivo pessoal, desse modo é possível que eu consiga criar uma grande coleção sobre o Brasil. O restante das telas são negociadas e vendidas. Os temas que eu uso pra dar forma a essa coleção são as capitais, o aspecto religioso, o aspecto psicológico, que é como está à sociedade em cada cidade, o aspecto cultural em si: folclore, lendas e mitos.
Quais os frutos que você colheu através do seu trabalho? Fora conhecer outras cidades, você já ganhou algum prêmio?
Prêmio ainda não! Sou um artista novo, comecei recentemente a me apresentar no país e se vier prêmio, acredito que deva ser daqui uns 10 ou 15 anos. Mas o melhor prêmio mesmo que está vindo é o amadurecimento, pronto, esse é o prêmio! O segundo prêmio, não menos importante, é conhecer e criar novos laços de amizades com outras pessoas, eu posso dizer que agora tenho família em cada uma das cidades onde já passei. Quando eu quiser voltar, a hora que eu quiser, eu sei que tenho pessoas amigas que vão me receber de braços abertos. Isso era uma coisa que eu não pensava antes de começar a viajar, eu não queria nem pensar! E agora vejo isso acontecer e é o que me dá ânimo pra continuar, ver que não é uma coisa tão perigosa como eu pensava antes.
Quem o apoia seu trabalho aqui em Rio Branco?
Eu quero até agradecer a toda equipe da Fundação Elias Mansour, porque eu tenho visto que, em comparação as outras cidades, os profissionais que trabalham aqui, tanto na Fundação Elias Mansour quanto na Fundação Garibaldi Brasil, são pessoas que trabalham em paz, tranqüilas. Cumprem a sua função e gostam do que fazem. Em outras cidades eu tive apoio e o trabalho aconteceu, sim! Mas dava pra perceber que algumas pessoas não estavam satisfeitas, não havia a tranqüilidade que aqui tem, o prazer de trabalhar que eu vejo aqui, como eu também vi no Sebrae. Então é um ânimo chegar numa cidade e ver que as pessoas estão trabalhando e estão felizes, trabalhando em paz contentes com o que estão fazendo. Cada um no seu trabalho e cumprindo a sua parte. Que beleza essa cidade de Rio Branco, observando essas pessoas! Também gradeço ao Sesc que me deu apoio, ao Hotel AFA, Sebrae e a Unimed. Obrigado!
Serviço: Exposição "As Cores de Rio Branco" - Museu da Borracha - Av. Ceará, 1441 - Centro - Tel.:(68)3223-1202
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