terça-feira, setembro 30, 2008
Tipo Lucio Ribeiro
* Já estão no YouTube alguns vídeos gravados pelo público no Festival Varadouro 2008. Tem uma amostra do showzaço do Cordel, uma das novas músicas dos Los Porongas mostradas pela primeira vez na apresentação da banda no evento, entre outros registros.
* Deve ser coisa de fã, mas estou vendo e revendo o vídeo dos Porongas, mesmo com o áudio ruim e tal. Gostei muito dessa música e acho que ela tem o formato certo pra se tornar um hit. Todos conhecemos a qualidade das músicas da banda, mas faltava uma que pudesse tocar numa rádio e atrair rapidamente a atenção de um grande público. Faltava, arrisco dizer.
* Os Los Porongas, aliás, participaram recentemente do projeto "Música de Bolso". Tocaram a música "Pra abrir os olhos", do Vanguart, talvez em retribuição ao fato da banda cuiabana ter escolhido a música "Enquanto uns dormem" para apresentar no mesmo projeto, e também a música "Distante", da acreana Mapinguari Blues. Confira aqui.
* Não tenho lá grande preconceito musical. Tenho cá músicas que eu gosto, mas não digo pra ninguém. Você também deve ter as suas, aposto. Sou destes que ouve várias vezes as músicas do Jonas Brothers tentando gostar ou simplesmente pra conhecer o suficiente pra poder falar mal. Ouvi dizer, já há um bom tempo, que o Junior - ofuscado desde o nascimento pela irmã, Sandy - estava com um projeto novo, fazendo parte de uma banda chamada "Nove Mil Anjos". Que gastou rios de dinheiro pra gravar as músicas no exterior, coisa e tal. Bom, resolvi conferir. "Vai que o cara surpreende todo mundo e finalmente faz algo bom?" - pensei. Baixei a música disponível no site da banda, chamada "Chuva Agora". Hein? Chove agora? Não, é isso mesmo: "Chuva Agora". Tá certo que o nome já indica que é furada, mas isso não me impediu de fazer o download e colocá-la pra tocar no bom e velho Winamp. Aí a música é aquilo lá que você imagina e o refrão é algo como "vou caminhando pra não tomar Chuva Agoraaa.. Chuva agoraa.. Chuva agoraaa.." (repete-se várias vezes). Resumindo: se eu fosse um pouquinho mais preconceituoso e soubesse que não pode haver nada de bom musicalmente vindo de um projeto do Junior, teria poupado meus ouvidos dessa monstruosidade.
* Circula por aí uma dessas teorias conspiratórias. Sobre o Festival Varadouro. Dizem que os problemas técnicos do show da banda Ecos Falsos não ocorreram, digamos assim, "por acaso". Como toda teoria conspiratória, é bom não levar muito a sério. Mas os supostos motivos pra uma sabotagem no show dos caras eram vários: o episódio bobo dos fãs da banda fazendo piadinhas sobre o Acre, que deixou muita gente verdadeiramente irritada por aqui; a discussão sobre a exploração dos bugs no sistema de votação do site MySpace, que rendeu uma quase-treta com fãs dos Los Porongas e até com a própria banda, há algum tempo atrás; e a mais recente declaração do Gustavo Martins para a revista Rolling Stone, criticando alguns aspectos do discurso de produtores musicais "independentes", declaração esta que, segundo o próprio músico reconhece no site da sua banda, já lhe fechou portas em alguns festivais.
* Aliás, devo dizer que discordo totalmente do Gustavo. Já há um mercado bacana na música independente, sim. Aqui no Acre, músicos comemoram uma nova alternativa pra ganhar dinheiro fácil e rápido: aluguel de instrumentos para festivais. Por um precinho... módico.. coisa pouca.. quase nada.
* O Bob's, dizem, finalmente está chegando à Rio Branco. Na verdade o Bob's já está chegando há uns 2 anos. Chegou primeiro a lenda, depois o anúncio da franquia, os boatos sobre o local onde seria construído, o material de construção, os pedreiros.. Mas fontes seguras dizem que a data de inauguração não passa de novembro deste ano. O Bob's está chegando.. devagar.
* Neste clima ameno da nossa cidade, com uns 40 graus à sombra, bastava chegar um pote como este e eu já seria um homem feliz. Pergunto à vocês: existe algum lugar em Rio Branco onde venda Häagen-Dazs? É, eu sei que a resposta é "não", mas o calor é tanto que provoca alucinações.
* Resenhas sobre o Varadouro? O site Sambapunk publicou uma. Só faltou avisar pro Adilson que a Nicles também tocou no festival..
>> CLASSIFICADOS GRITO ACREANO
* Tendo em vista que no ano que vem uma nova banda "hermana" deverá vir ao Acre, venderei meu peixe aqui.
* Alugo Flauta de Pã (conhecido também como Zampoña/Siku/Antara/etc), instrumento popular nos países andinos, em bom estado de conservação (um pouco empoeirada pela falta de uso). Preço de ocasião: mil reais por 30 minutos de uso. Passando disso, mais 100 reais por minuto. Grátis, de brinde: cd do grupo Peru Incas. Obrigado.
Audiência Pública - Álcool Verde
No sábado passado, ocorreu em Capixaba, a Audiência Pública sobre a "famosa" Álcool Verde. O resumo da ópera é que o Grupo Farias(aquele conhecido pelo trabalho escravo) tem autorização de instalação suspensa e não tem a licença de operação.
A audiência tinha o intuito de apresentar à sociedade um estudo sobre o impacto ambiental de forma mais detalhada e assim receber os questionamentos da sociedade.(tah,em Capixaba!) Todavia, logo já lançaram o número de contratados para o próximo ano, o desenvolvimento para o estado e outros estardalhaços que tiram o foco do problema, ainda mais se tratando de uma cidade interiorana em que há tantos...
Mas enfim, será que só eu acho uma contradição ver um governo que se diz sustentável, aprovar a idéia de ter canaviais em plena Amazônia???
segunda-feira, setembro 29, 2008
Grafite
As oficinas de moda, grafite e fotografia organizadas pelo Festival Varadouro, encerraram no sábado. A de Moda vestindo os artistas acreanos. A de Fotografia, fotografando os figurinos. E a de Grafite, fazendo arte no muro do Instituto do Meio Ambiente (Imac) e em um carro, durante o Festival Varadouro.
Acompanhei a de Grafite, que foi coordenada por Beatriz Feres e que teve como oficineiros Cissa Maia e Renan Ramos de Brasília, conjuntamente com o 'Babu' que já tem o trabalho conhecido aqui na capital. A oficina ocorreu no espaço Kaxinawá, para 10 alunos selecionados de acordo com aptidão. Além de noções de traços, texturas e material, eles puderam praticar grafitando em compensados.
Grafite é uma expressão de arte urbana, que sua origem remete ao Império Romano, segundo o Wikipédia. O que é muito diferente de pichação que é uma contravenção. Por isso, os locais que foram grafitados, previamente obtiveram autorização mediante ofício expedido pela Fundação Elias Mansour.
E depois de teoria e prática, já dá pra ver o resultado dos traços aperfeiçoados da galera:
sexta-feira, setembro 26, 2008
O fim do dilema dos Ecos Falsos!
E o Chico Pop?
Independente de Público
Conforme observei há dois anos, a cena roqueira acreana se julga tão independente, mas tão independente, que nem demonstra preocupação com a ausência de público em suas festinhas.
Passei apressado no Festival Chico Pop, mas fiquei assombrado com o excesso de decibéis e, claro, de ausência de público.
A foto de Val Fernandes não me deixa mentir: "milhares" de pessoas na praça da Revolução, durante a apresentação do vocalista André Lima, da banda Cappuccino Jack.
Três horas depois havia mais ou menos 150 pessoas no evento. Nos anos 60 e 70, o saudoso jornalista Chico Pop chegou a organizar eventos mais animados e prestigiados pelo público.
A Petrobras começa a aparecer como patrocinadora de eventos culturais no Acre, como o Festival Varadouro. É uma clara ofensiva para calar a resistência contra a prospecção de petróleo em áreas de preservação e terras indígenas.
Patética é a participação de uma banda indígena da etnia ashaninka em evento patrocinado pela Petrobras. É a primeira vez que isso ocorre no Varadouro, mas o inusitado tem outro alcance.
Recentemente, lideranças ashaninka da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, no Brasil, denunciaram (leia no Blog da Amazônia) que a Petrobras está preparada para iniciar atividades de prospecção e exploração de petróleo e gás, no alto rio Juruá, no Peru, em lote sobreposto a territórios de comunidades nativas e de índios isolados.
Bem, trabalhei com Chico Pop no diário O Rio Branco, onde ele assinava a coluna a "Cidade se diverte". Certa vez cometi dois versinhos para ele:
"Enquanto a cidade se diverte
Chico Pop chora"
Oficina de Jornalismo Cultural
Como parte do projeto da semana Varadouro, ocorreu também algumas oficinas, das quais se qualquer um quisesse ir em todas, se frustraria como eu, porque infelizmente muitas eram em horários conflitivos! Entretanto, consegui fazer a de Jornalismo Cultural e ser ouvinte da de Fotografia!
Ontem concluímos a Oficina de Jornalismo Cultural. Foram 20 horas ministradas, ali no Sesc Centro, por Fábio Gomes. O nosso 'fêssor' é do Rio Grande do Sul, trabalha para 2 sites próprios (jornalismocultural.com e brasileirinho.mus.br) e sua ficha curricular também abraça atividades de jornalista, escritor, cartunista, fotógrafo e autor teatral. Mas na verdade, ele ainda é um pouquinho mais que isso...
No primeiro dia, ele veio com definição de Cultura, buscou dados lá na Roma Antiga e com a evolução da sociedade nos chicoteou com toda a Teoria da Comunicação. No segundo e terceiro dia teve um clima ditado pelas interações, onde foi tratado de mercado de trabalho, direitos autorais, fonte, apuração, entrevista e coletiva. E no último dia, na qual tivemos que entregar o texto pelo o qual seríamos avaliados, falamos sobre comentário, resenha, ensaio e crítica.
Apesar de alguns alunos esperarem receber a fórmula mágica do sucesso, a vivência na oficina nos levou a questionar a postura acreana frente à cultura. E isso por tantos detalhes: falta de cadernos de cultura nos jornais, pela simples desnecessidade pela opção por cultura, falta inclusive de uma agenda cultural concretizada.
Sabe aquele clichê: "É sempre bom se atualizar", pois é, além do certificado, das novidades, vi um 'Caderno 2' do Sul que só de agenda cultural, eram 3 páginas! E esse caderno tinha o tamanho de um jornal normal daqui! Fora que poxa, espaço pra teatro, cinema, crítica, moda (e não aquelas colunas sociais: fulana bombou ontem em tal canto), gastronomia, música.. até as cruzadinhas e quadrinhos!
> Temos que declarar o apoderamento da cultura!
(Todo do Grito Acreano em fila, avante!)
Bom, mas assim como mexeu com minhas bases, o último dia do curso já estava fazendo os alunos fazerem experimentações culturais, das quais tenho que registrar ao menos 2 aqui!
# Handreh e Xl em um diálogo pouco comum # Dobraduras de Chaves e Manu
E ah, concluímos com um coffe break e com um pouco espontâneo banho de chuva.
quinta-feira, setembro 25, 2008
Divagações Musicais Sobre Uma Parada Gay
Ele era a última atração do evento e era esperado com grande expectativa pelo público. As Frenéticas se apresentaram antes, e aqueles que estavam presentes admitem que embora as meninas fossem muito simpáticas no palco, a primeira parte do show não havia empolgado, apenas a segunda, quando elas tocaram musicas mais agitadas, contagiaram bem mais a galera e com o carisma de palco já grande, fecharam a apresentação sobre palmas ferozes e os pedidos de “mais um” que foram prontamente atendidos. Logo em seguida, o Patife subiu ao palco (sem trocadilhos por favor).
Nunca conheci muito do DJ Patife, apenas que o som que ele tocava era drum and bass e que era mais admirado internacionalmente do que pelas terras tupiniquins. A primeira de seu set list foi um dos seus remix que mais fizeram sucesso, Cotidiano, do sempre talentoso Seu Jorge. Mas com pouco mais de três musicas tocadas, as vaias começaram, devagar, na frente do palco, depois se espalhando por boa parte do grupo de mais de 40 mil pessoas na Arena da Floresta.
Patife parou a apresentação e começou uma conversa com o público cujo tom não pareceu das mais simpáticas. Perguntou se todos ali queriam escutar Madonna, Michael Jackson, funck, pancadão ou Psy. Reclamou, disse que com a gritaria não chegariam a lugar algum e perguntou se o “Marlboro tocou aqui ontem?”. Afirmou que ele não tocava aquilo, que seu estilo era o drum and bass e com o que me pareceu desdém, disse se encontraria em seu HD alguma coisa que correspondesse às expectativas do público, tocando em seguida Thriller de Michael Jackson.
Considerei que o convite para o Dj Patife tocar na Parada não havia sido dos maiores acertos. O drum and bass nunca foi famoso nas casas noturnas acreanas, e ainda mais numa festa em que os anseios populares eram maiores pelo som mais pop, mais explosivo, uma Madonna, uns “regatons”, aquelas coisas que tocam no calçadão da Gameleira principalmente no domingo a noite. Porém, os organizadores deviam ter se atentado ao fato de que um DJ não é só alguém que tem um aparelho de som e toca aquilo que todos querem ouvir. Se o DJ resolve tocar so drum and bass, ser especialista neste estilo e se consagrar por isso, dificilmente ele vai botar 4 Minutes to Save The World pra tocar, dificilmente mesmo.
Dj Patife é bom naquilo que toca, mas terem chamado-o para a Parada Gay acreana teria sido a mesma coisa que ter chamado Adriana Calcanhoto para substituir As Frenéticas na mesma. Aliás, as meninas das Frenéticas tiveram bom senso, foram com jeitinho, aos poucos, como quem não queria nada, perguntando e acertando nas escolhas do público.
Coisa parecida aconteceu na apresentação do grupo Montage. Eu particularmente esperei ansioso pelo show desde seu anúncio. E mesmo aturando uma acústica horrível, em que a voz do Daniel Peixoto mais parecia um monte de grunhidos através daquelas caixas de som, o show foi ótimo. Performace incrível, igual aquilo que já ouvi falar dos amigos de fora e que vi no Youtube. E Daniel também tem uma presença de palco forte e um carisma bacana. Aliás, o que lhe ajudou muito, explicarei por quê.
O show começou e, bem... quando eu olhava para trás e via o povo, boa parte das pessoas parecia meio perdida com o eletro do Montage. Aliás, tava passando umas imagens de um DVD da Madonna no lado e tinha gente que simplesmente reparava no show dela e não no palco. Mas aos poucos Daniel foi quebrando o clima, conquistando e mesmo sem ninguém cantando junto com ele (a exceção de uns dois ou três durante Money, Success, Fame, Glamour). Um sucesso no fim das contas.
Problemas como o ocorrido com o Dj Patife não devem se repetir. Acabam por ter tirado um pouco de brilho da festa. Ninguém quer saber quem é o culpado, Dj, organizadores ou o público, numa festa todos querem apenas se divertir.
Aliás, um pequeno toque, bem que durante a parada o carro principal poderia ter tocado umas musicas mais atualizadas. It's Raining Men e I Will Survive tocando alternadamente várias vezes é meio clichê demais, nesse momento até eu senti falta de uma Madonna cantando Give it 2 Me e não Like a Virgin.
A postos
Festivais em Movimento
Associação Brasileira de Festivais Independentes completa dois anos de atuação em meio a críticas, polêmicas e à consolidação do mercado
A Associação Brasileira dos Festivais Independentes - Abrafin - reúne 32 eventos que, durante um ano, são capazes de apresentar aproximadamente 400 novas bandas pela maioria dos estados do país. Trata-se de um circuito grandioso, que se tornou em pouco tempo uma das principais plataformas de divulgação da nova música - principalmente pop e rock - produzida no Brasil. Porém, a associação, que completa dois anos de existência legal em 2008 e é composta por festivais consagrados como Abril Pro Rock (PE), Goiânia Noise (GO), Calango (MT), Mada (RN), Jambolada (MG) e Porão do Rock (DF), já começa a receber críticas diversas de sua principal força-motriz: bandas e seus integrantes.
Escalação e remuneração, dizem os músicos, são os pontos fracos dos festivais apoiados pela Abrafin. "Os caras [produtores] começaram como banda. Viraram festivais. Hoje, são uma associação. Só que precisa haver um mecanismo estatutário que não transforme eventos em 'festas da brodagem' obtidas por meio de aprovação do Ministério da Cultura". afirma Marvel, vocalista do quarteto carioca Cabaret, que já se apresentou em festivais como Mada, Calango e Se Rasgum (PA). "Acho que a Abrafin criou uma nova visão do mercado musical tanto para produtores quanto para bandas. Muitas coisas floresceram sob a marca deles. Como artista, a construção desse circuito de festivais me parece maravilhosa, mas eu gostaria que eles tivessem formas de impedir que tudo vire uma grande panela, completa"
Em Belém (PA), o festival Se Rasgum chega a sua terceira edição em 2008 sem jamais ter se associado à Abrafin (a associação só aceita entre seus membros eventos que tenham acontecido por pelo menos três anos consecutivos). "Me sentiria bem participando da Abrafin, contanto que a curadoria não sofresse imposições ou tivesse que rezar alguma cartilha", diz Marcelo Damaso, produtor do Se Rasgum. "Se existe uma liberdade, beleza, mas existem bandas que participam de todos os festivais por fazer parte dos interesses de alguns produtores. Acho que a ideologia do compromisso com o melhor da nova música brasileira se perde pela onda de 'dar uma força'", critica.
Algumas fontes ouvidas pela reportagem não quiseram assinar suas opiniões, alegando receio de represálias por parte das organizações dos eventos. "A maioria silencia porque teme ser excluída do circuito", define Dary Jr., vocalista do Terminal Guadalupe, de Curitiba (PR), que já participou de vários festivais, mas atualmente anda fora das escalações. "Eu admito que meço as palavras, embora a banda já seja carta fora do baralho. Na verdade, temo apenas que alguns produtores que ainda queiram nos incluir em suas escalações sejam pressionados."
A tal "panela", explicam os artistas, se daria mais na diferença do tratamento dado às bandas do que nas escalações dos festivais propriamente ditas. "Existe uma troca de favores aí", dispara Marvel. "Se eu tenho um festival e uma banda e você tem um festival e uma banda, eu te escalo no meu, pagando suas passagens, e depois você me compensa da mesma forma. Você não tem festival? Então o máximo que posso te dar é uma ajuda de custo. Aí, obviamente, algumas bandas acabam viajando sem ter a recepção desejada e o custeio digno."
Fabrício Nobre, cujo extenso currículo inclui o cargo de presidente da Abrafin, dono do selo Monstro Discos, produtor dos festivais Bananada e Goiânia Noise (ambos em Goiânia), vocalista da banda MQN, produtor e agente de artistas que rodam o circuito, se defende: "Existe uma panela de música brasileira boa, tem um monte de banda que circula em cada momento durante todo o ano, e é assim no mundo inteiro. Os artistas que estão produzindo de verdade, viajando, lançando disco, são escalados para a maior parte dos festivais. Em 2007, por exemplo, qual produtor não queria ter Móveis Coloniais de Acaju, Macaco Bong e Lucy and the Popsonics na escalação? As bandas são boas, têm preço acessível, são fáceis de lidar e têm público. Quem não quer?" Nobre também explica que a Abrafin não interfere nas escalações de cada festival ou nos valores dos cachês, mas que os assuntos, obviamente, são pauta entre os organizadores. "Cada festival se resolve sozinho. É claro que a gente troca figurinha entre um e outro. O cara vai me ligar e perguntar quanto paguei por uma banda. Eu vou responder ou não. Depende de quem for, de quanto tiver pago, como em um mercado de qualquer outra coisa."
Já Pablo Capilé, coordenador de ação política na Abrafin e coordenador de planejamento do festival Calango, acredita que os festivais não podem ser responsabilizados exclusivamente pelo sucesso ou fracasso das bandas: "Os artistas precisam primeiro se preocupar em fazer bons shows, se divulgar bem, ensaiar bastante, ter boas gravações, investir na carreira. Festival abre portas, mas quem consolida a carreira é a própria banda".
O apoio financeiro - tanto público quanto privado - que os festivais recebem também divide opiniões. "É legal ter patrocínio de lei de incentivo, concorrer edital e depois prestar contas", comemora Nobre. "Você mostra a transparência. As contas são publicadas no Diário Oficial de cada estado. Para os patrocinadores privados, você deve prestar contas do dinheiro em cima de uma planilha aprovada anteriormente. Senão, no ano seguinte, adeus, patrocínio. Não tem espaço pra sacanagem."
Já entre as bandas, há quem veja o apoio financeiro com ressalvas. "O que me incomoda é que existe uma linha de pensamento que acha super-legal a gente criar um 'mercado' tipo o do cinema, que no fundo não é mercado coisa nenhuma, é festival bancado pelo governo", opina Gustavo Martins, do quarteto paulistano Ecos Falsos, que já participou de sete festivais da Abrafin. "Acho que, se tem dinheiro público, deveríamos então fazer festival de graça, como o [pernambucano] Rec Beat, ou então ingressos a R$ 3, porque R$ 15 já é caro. Parece que agora ficou impossível fazer show sem lei de incentivo, como também é 'impossível' fazer filme sem dinheiro público."
Apesar dos problemas estruturais em questão, os méritos da Abrafin são evidentes, inclusive para bandas que a criticam e para festivais não associados. Grupos de regiões que há muito tempo não tinham - ou nunca tiveram - uma banda de abrangência nacional, rodaram esses eventos e trouxeram para si os holofotes, como Vanguart e Macaco Bong, de Cuiabá (MT), e Los Porongas, de Rio Branco (AC). Durante esse processo, as cenas musicais distantes do Sudeste ganharam corpo, enquanto artistas do eixo São Paulo e Rio de Janeiro desejam cegamente fazer parte desse circuito. O país, hoje, comemora um calendário anual de festivais bem definido, com orçamentos que podem chegar a R$ 600 mil (Calango 2008) e até R$ 1 milhão (Porão do Rock 2007), e espaço tanto para inesgotáveis atrações nacionais como para bandas internacionais. A união desses produtores proporcionada pela Abrafin garantiu a credibilidade e a verba necessária para a realização desses feitos. "A gente acredita em continuidade, compromisso com a cena local e realização, independentemente do fomento ou não", diz Nobre, da Abrafin. "Os associados não são aventureiros que farão um festival agora e no ano que vem não. É gente que está nessa há dez, 12 anos. O Goiânia Noise desse ano, por exemplo: a gente não tem certeza de ter o suporte da Petrobras, mas temos certeza absoluta que o festival vai acontecer de 21 a 23 de novembro."
Para dezembro, estão marcadas eleições para os cargos executivos da Abrafin. A associação, que apesar da pouca idade, já caminha a passos largos, pode comemorar a colheita de mais frutos do que polêmicas, mas dificilmente conseguirá se blindar das críticas.
* Matéria da revista Rolling Stone.
Festival Chico Pop - 17H - Praça da Revolução
Cappuccino Jack
Fire Angel
Marlton
Ultimato (Rondônia)
Pia Villa
Mapinguari Blues
Camundogs
Grupo Capú
Todas as bandas que estão participando do Festival Chico Pop estão ganhando a gravação de uma musica no BigHead Estúdio. O BigHead é um dos melhores estúdios da região toda banda que conheço quer gravar por lá, essa parceria só engrandece o Festival Chico Pop e faz que possamos lançar uma coletanea desse nosso primeiro evento.
Outra assunto importante é sobre a conservação do patrimônio público. Vamos realizar um evento na praça, com todos aqueles ares de nostalgia, e é dever de todos que participam do festival preservar aquela praça que muita história tem pra contar. Afinal, é o Festival Chico Pop que está reinaugurando aquele coreto.
quarta-feira, setembro 24, 2008
O rei das bochechas
Ele mesmo, meus amigos! Adaildo Neto, blogueiro do Grito Acreano. Adaildo já foi rei no "Blog of Notes", do Blogger Brasil, quando a maior parte dos blogueiros atuais não sabia o que era um blog. Mas este sim é um título honroso e que merece atenção.
Essa blogosfera anda estranha. O que está por vir? Chico Mouse será eleito um dos mais sexys?
terça-feira, setembro 23, 2008
Uma pausa para reflexão
"Pobre criança!", exclamou um passante, "suas perninhas curtas precisam esforçar-se para não ficar para trás do jumento. Como pode aquele homem ficar ali sentado tão calmamente sobre a montaria, ao ver que o menino está virando um farrapo de tanto correr.
O pai tomou a sério esta observação, desmontou do jumento na esquina seguinte e colocou o rapaz sobre a sela. Porém não passou muito tempo até que outro passante erguesse a voz para dizer: "Que desgraça! O pequeno fedelho lá vai sentado como um sultão, enquanto seu velho pai corre ao lado."
Esse comentário muito magoou o rapaz, e ele pediu ao pai que montasse também no burro, às suas costas. "Já se viu coisa como essa?", resmungou uma mulher usando véu. Tamanha crueldade para com os animais!
O lombo do pobre jumento está vergado, e aquele velho que para nada serve e seu filho abancaram-se como seu o animal fosse um divã. Pobre criatura! "Os dois alvos dessa amarga crítica entreolharam-se e, sem dizer palavra, desmontaram.
Entretanto mal tinham andado alguns passos quando outro estranho fez troça deles ao dizer: "Graças a Deus que eu não sou tão bobo assim!". Por que vocês dois conduzem esse jumento se ele não lhes presta serviço algum, se ele nem mesmo serve de montaria para um de vocês?
O pai colocou um punhado de palha na boca do jumento e pôs a mão sobre o ombro do filho. Independente do que fazemos", disse, sempre há alguém que discorda de nossa ação. Acho que nós mesmos precisamos determinar o que é correto.
========================================
Pra quem servir, serviu.
segunda-feira, setembro 22, 2008
Festival Chico Pop acontece nesta semana
Capuccino Jack, Fire Angel, Marlton, Ultimato (RO), Pia Villa, Mapinguari Blues, Camundogs e grupo Capu - com participação especial dos Porongas João Eduardo, Diogo Soares e Jorge Anzol, são as vozes e sons do rock que será apresentado no Festival Chico Pop, que acontece no próximo dia 25, a partir das 17 horas, na Praça da Revolução.
Segundo o vocalista da banda Camundogs e articulador do projeto, Aarão Prado, o jornalista Francisco Ventura de Menezes, conhecido como Chico Pop, foi uma das primeiras pessoas no estado a trabalhar com jornalismo cultural e sintetizou de forma plena seu amor pela cultura.
"Valorizar sua contribuição para a cultura é resgatar um pouco da história sobre a nossa arte. Admirador da música e de poesia nos deixou um legado incrível, repleto de lições de dedicação e altruísmo. O exemplo de Chico Pop nos motiva a sempre continuar vencendo barreiras e a fazer arte", comenta Prado.
No palco serão sete bandas acreanas e uma de Rondônia que trabalham com músicas autorais, mas que possuem estilos e ideologias distintas. Diego Torres (Dito), vocalista e guitarrista da banda Marlton, diz que este tipo de iniciativa é um instrumento fundamental de fomento a cultura e a música autoral. "O Festival foi criado como um espaço genuinamente acreano para a difusão da música. Esses eventos servem para divulgar um pouco do que acontece no segmento musical da cidade, além de formar público e servir de incentivo na criação de novas bandas."
O Festival Chico Pop é uma realização da banda Camundogs em parceria com vários produtores culturais independentes. A iniciativa tem o apoio do Governo do Estado, através da Rádio Aldeia Fm - Sistema Público de Comunicação; Drogaria Leblon, Big Head Estúdio e Esfera Produções.
O Big Head Estúdio vai disponibilizar para todas as bandas participantes do evento a gravação de uma faixa musical, onde posteriormente fará parte de uma coletânea que leva o mesmo título do Festival.
Mais informações através do endereço eletrônico http://gritoacreano.blogspot.com
*Com informações de André Lima, assessor de imprensa do Festival Chico Pop
Fonte: Agencia de Notícias do Acre
Ecos Falsos se manifestam - Parte 2
http://www.orkut.com.br/CommMsgs.aspx?cmm=43152&tid=5244348870230416406&na=4&nst=202&nid=43152-5244348870230416406-5248797206663708100
Bom, polêmica por polêmica, quero dizer umas coisas:
O meu "A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM" se relaciona com o fato de que nós nunca fomos ao Acre. Certo? Piada ruim? Ok, eu sou conhecido por não fazer as pessoas rirem.
Outro lance: tô triste com essa parada toda. Principalmente porque eu tenho falado pra todo mundo que eu conheço que, nessa sexta-feira, vou tocar no Acre. Eu sonho em ir pro Acre desde pequeno e, juro, não é piada. Pessoas da minha família já trabalharam no Xingu, e algumas vezes na Amazônia. Eu, como era pequeno nessa época, ficava imaginando como o Brasil é grande e como teriam lugares que eu nunca iria conhecer. E sonhava em ir ao Acre, via fotos, achava a cidade muito linda e fiquei atônito quando o Chico Mendes morreu. Não sei se isso é justificativa; mas eu sempre quis ir pro Acre. Rio Branco é uma das primeiras capitais que eu decorei o nome. Pode parecer besta isso, mas pra mim, não é.
E tô triste e puto pelo que tá rolando aqui. Tem gente falando muita merda e muita gente querendo arranjar uma briga e um desconforto que eu não esperava. De ninguém, nem dos fãs que eu já conheço, nem de ninguém do Brasil ou do mundo.
Fico triste porque eu sei que vou pro Acre sim, que eu vou beber com amigos lá sim e vou tocar com toda a paixão do mundo; porque eu amo o que eu faço - assim como o Gustavo e os outros caras da banda amam o que fazem. E muito desse amor vem da chance que a gente tem de conhecer lugares que a gente sempre quis conhecer, mas que, provavelmente, nunca iríamos conhecer se não fosse pela banda.
Como sempre, tem gente que não gosta da banda - assim como também existem os que gostam. Espero que todos apareçam, pra dar a chance de mudar um pouco o rumo dessa conversa. Prefiro gente falando que a gente é uma merda de banda depois de ver um show do que gente falando em preconceito de região e de xenofobia estadual. Isso não chega nem a ser ridículo, porque não me dá vontade de rir, mesmo.
Desculpem a seriedade, mas eu tô bem mexido com essa porra toda.
Ecos Falsos se manifestam
http://www.orkut.com.br/CommMsgs.aspx?cmm=43152&tid=5244348870230416406&na=2&nst=188
"Gente da banda falando
Já vi que tem uma galera que só quer causar e pagar de maloqueiro, então vou tentar ser bem simples e direto:
- Os Ecos Falsos jamais ofenderam/zoaram o Estado ou o povo do Acre. É só ler os tópicos direito. Estamos felizes pra caralho de poder tocar aí pela primeira vez. Conhecemos bandas daí, bem como o festival Varadouro, que é um dos mais importantes do Brasil, e todas as bandas que tocam lá voltam dizendo que é um público incrível - coisa que eu inclusive disse no tal tópico "polêmico";
- É ridículo e muito ignorante acusar a gente de preconceito, sendo que já tocamos em todas as regiões do Brasil, inclusive na região Norte, e em nenhum momento esnobamos qualquer cidade. Esse papo de "quem mandou chamar indie paulista" me cheira gente frustrada por não ser chamada para o festival;
- Como já foi exaustivamente repetido pelos membros mais antigos, essa é uma comunidade bem-humorada de simpatizantes dos Ecos Falsos, tupo pode ser motivo de piada por aqui, e não há problema nenhum nisso. Por isso mesmo o pessoal do Acre tem também o direito de chegar dando uma apavorada, no espírito da brincadeira, tudo certo. Ofender mulher é que não pode, independente da procedência;
- Novidade para os mais exaltados: o lance de "Acre não existe" não foi inventado aqui. Los Porongas já falou sobre isso em várias entrevistas, a piada é título até de música de uma banda de Maringá, vejam só. Se vocês repararem nos profiles, tem gente de todo Brasil na brincadeira, não é "coisa de paulista ignorante";
- Gente intolerante, cabeça-dura, sem senso de humor e que leva piada de Orkut a sério não é bem-vinda no show. Se você se enquadra nessa categoria, faça um favor a si mesmo (e a nós) e participe do boicote. Se não, vindo do Acre, de Roraima, de Cariri ou da Suazilândia, todos são bem-vindos. "
Shows da Semana Varadouro
- Frida Kahlo - DOM (ex alienados SA) - Mapinguari Blues
Entrada: R$ 2,00
Horário: 20h
Quarta-feira 24/09 no Flutuante, as bandas que vão subir no palco:
- Capuccino Jack - Nicles - Ultimato (RO)
Entrada: 6,00 R$ inteira 3,00 estudante e lista amiga.
Horário: 21h
Quinta-feira 25/09 na boate Sahara (na gameleira), as bandas que irão se apresentar são:
- Banda Ctrl-C - Astronalta Pinguim (RS) - Macaco Bong (MT)
Entrada: 6,00 R$ inteira 3,00 estudante e lista amiga.
Horário: 21h
Lista Amiga está na comunidade do Festival Varadouro.
domingo, setembro 21, 2008
Comentando sobre a enquete, parte 2
La Pupuña (PA) 14 (23%)
Ecos Falsos (SP) 26 (43%)
Pata de Elefante (RS) 14 (23%)
Atajo (BOL) 11 (18%)
Diego de Moraes e o Sindicato (GO) 8 (13%)
Cabocrioulo (AM) 9 (15%)
Linha Dura (MT) 11 (18%)
Bareto (PER) 7 (11%)
Hey, hey, hey (RO) 22 (36%)
Cordel do Fogo Encantado (PE) 18 (30%)
Votos até o momento: 60
Enquete encerrada
=====================================
Ecos Falsos, Heyheyhey e Cordel do Fogo Encantado estão entre as bandas que tiveram a maior rejeição diante do público acreano que visita o blog do Grito Acreano. As outras tiveram uma média de pontuação e acredito que essa rejeição seja inversamente proporcional a curisosidade.
Ecos Falsos lidera a rejeição e acredito que nessa semana que antecede o Festival Varadouro 2008. Não entendeu? Olha os posta abaixo.
Hey Hey Hey uma banda que parece que não agradou muito. Quer saber mais leia a resenha que o Helder fez sobre os caras, clique aqui.
Sobre o Cordel do Fogo Encantado tenho certeza que tem uma galera que não conhece o cordel e por isso fez o que fez. Afinal de contas bandas como o Cordel não fazem tanto sucesso assim entre a juventude que está fora da faculdade. rá!
Sabotando o show do Ecos Falsos
E nem será dificil sabotar o show dos caras. Que banda ruim!
Ecos Polêmicos
http://www.orkut.com.br/CommMsgs.aspx?cmm=43152&tid=5244348870230416406&na=1&nst=1
Como já cansei de criar polêmica, dessa vez vou tentar apagar o fogo. Sejamos justos: os membros da banda que comentaram no tópico não desrespeitaram o estado - nem se envolveram muito na discussão. O mesmo não se pode dizer de alguns fãs do Ecos Falsos.
Seja como for, parece que esses fãs já queimaram o filme da banda por aqui e muita gente não verá com bons olhos a apresentação dos caras.
sábado, setembro 20, 2008
CDzine Varadouro 2008 - Bandas de Fora
Se você é daqueles que não tem paciência pra ouvir música na internet. Faça o download das músicas aqui.
sexta-feira, setembro 19, 2008
Os Chicos daqui!
Nem o Mendes, nem o Pop
Sei que o Mendes também foi pop
E que o Pop teve um pouco de Mendes
Enquanto um defendia a floresta
O outro fazia a cidade divertir
Eles são filhos dessa terra
Estes são os Chicos daqui!
======
Festival Chico Pop é uma homenagem ao jornalista Francisco Ventura de Menezes. E será através da música e poesia que vamos reverenciar a sua memória.
Faça a sua poesia! Participe.
Para mais informações sobre o Festival Chico Pop acesse o www.festivalchicopop.blogspot.com.
quinta-feira, setembro 18, 2008
Caravana Cultural da UNE
Amanhã sexta-feria 19/09 acontece a Caravana Cultural da UNE com várias manifestações artísticas, culturais e shows.
O evento acontece no campus da UFAC.
Os shows serão realizados no Palco do DCE com as bandas:
- CALANGO SMITH
- FILOMEDUSA
à partir das 21h entrada franca.
Foto: Talita Oliveira, no Ao vivo na aldeia
O Ensaio Surreal do Grito Sufocado
O título impressiona, assim como a estética. A peça reuniu em si: dança, música, biografia, denúncia e uma homenagem a Chico Mendes. Isso tudo, ontem, 21h no teatro de arena do SESC, com sua capacidade máxima de lotação.
A peça é do grupo “Arte na Ruína” de Xapuri. O nome da companhia de teatro é justificado pelo fato de eles ensaiarem na delegacia em ruína, onde Chico Mendes foi torturado. No entanto, eles falam na peça das dificuldades de se fazer arte e das ameaças que sofrem, pois querem retirá-los do local, contudo eles têm batalhado contra essa ação já que ali é também palco para a sua apresentação, onde os personagens ficam em celas.
O grupo já possui visibilidade nacional e internacional, também está sendo gravado um documentário sobre o trabalho deles. (E eu levanto a bandeira da lamentação, já que tantos ficam dizendo que “aqui no Acre não tem nada pra se fazer” – na verdade, não sabem reconhecer os movimentos culturais locais.)
Ao fim, foi aberto um debate, conduzido por Brigitte Bentolila (ex-atriz, diretora e professora de teatro/mestrado em Teatro pela Aix en Provence – França) que chorou ao ouvir a filha de Chico Mendes afirmar que lutaria para que o local fosse para arte. “ Só quem faz arte, sabe valorizar o espaço” O público teve grande participação, onde alguns expectadores se pronunciaram fazendo elogios a composição da peça e críticas pertinentes à técnica. (já que a maior parte do público era acadêmicos e professores de artes cênicas da Ufac)
p.s: Post só foi possível devido apoio do Rafael =)
Festival de Teatro
Para o grupo seleto que é platéia dessa arte, os palcos são o Mercado Velho, Teatro de Arena do SESC, Teatro Hélio Melo e Teatro Plácido de Castro. Os ingressos custam: R$ 6 inteira, R$ 3 meia.
- Programação:
Dia: 18.09.08
Horário: 17h
Espetáculo: A INCRÍVEL VIAGEM
Gênero: Infantil
Texto: Doc Comparato e adap. Regina Cláudia Direção: Regina Cláudia Grupo: Cia. Garatuja de Artes Cênicas Município: Rio Branco
Local: Teatro de Arena do SESC
Horário: 21h
Espetáculo: AS BARCAS
Gênero: Adulto
Texto: Livre adaptação de Jorge Mazer Direção: Jorge Mazer Grupo: ATTOS Município: Rio Branco
Local: Teatro de Arena do SESC
Dia: 19.09.08
Horário: 17h
Espetáculo: O LIVRO DA ALEGRIA
Gênero: Infanto - Juvenil
Texto: Grupo Ciranda de Leitura Direção: Marília Bonfim Grupo: Ciranda de Leitura SEME/Multimeios Município: Rio Branco
Local: Teatro Hélio Melo
Horário: 19:00h
Espetáculo: S.O.S FLORESTA: UMA AVENTURA COM A MATINTA PEREIRA
Gênero: Infanto Juvenil
Texto: Telmo Figueiredo Direção: Telmo Figueiredo Grupo: Cia. Teatral Zuzú Figueiredo Município: Brasiléia
Local: Teatro de Arena do SESC
Horário: 21h – Convidado Especial
Espetáculo: FREI MOLAMBO
Gênero: Adulto
Texto: Lourdes Ramalho Direção: Suely Rodrigues Grupo: Raízes do Porto Município: Porto Velho – RO
Local: Teatro Plácido de Castro
Dia: 20. 09.08
Horário: 17h
Espetáculo: A MENINA E O PALHAÇO
Gênero: Infanto Juvenil
Texto: Dinho Gonçalves e Marilia Bonfim Direção: Dinho Gonçalves e Marilia Bonfim Grupo: Grupo do Palhaço Tenorino Município: Rio Branco
Local: Teatro Hélio Melo
Horário: 21h
Espetáculo: PIQUENIQUE NO FRONT
Gênero: Adulto
Texto: Fernando Arrabal Direção: Nonato Tavares Grupo: Cia. Visse & Versa de ação Cênica Município: Rio Branco
Local: Teatro Plácido de Castro
Vernissage na Galeria de Arte Juvenal Antunes
quarta-feira, setembro 17, 2008
Festival Chico Pop e a Semana da Música
Mas música boa, é raridade. E por isso a semana que vem pode ser considerada a "Semana da Música" em Rio Branco. Além do Festival Varadouro (dias 26 e 27) e sua extensão programação (já divulgada no site oficial), ocorrerá também o Festival Chico Pop, no dia 25 (quinta-feira).
E depois de muita indefinição sobre o local do festival - Aarão Prado, um dos organizadores, já cogitava até arrumar a varanda da sua casa pra receber o evento -, finalmente tivemos a boa notícia. A autorização foi concedida, e o festival ocorrerá mesmo na Praça Plácido de Castro, conforme estava previsto. Salvo engano, acho que é o primeiro festival de rock que será realizado na bela praça central da cidade após sua revitalização, conhecida também como Praça da Revolução.
Anota aí, então: o Festival Chico Pop ocorre no dia 25 de setembro (quinta-feira), à partir das 17 horas, na praça Plácido de Castro/Praça da Revolução, e terá a participação da
Cappuccino Jack,
Fire Angel,
Marlton,
Ultimato (Rondônia),
Pia Villa,
Mapinguari Blues,
Camundogs e
Grupo Capú,
nessa ordem.
*
A proposta dos organizadores é bem interessante e não deve se restringir à realização deste evento. Outras novidades na promoção da música acreana estão por vir, e brevemente você saberá mais a respeito disso aqui no Grito Acreano.
*
O nome do festival é uma homenagem ao já falecido jornalista Francisco Ventura de Menezes, que escrevia uma coluna utilizando o pseudônimo Chico Pop em um jornal local. Tião Maia, também jornalista e amigo pessoal do Chico, escreveu um texto bacana sobre o "profeta do Underground", em março de 2006. Leia aqui.
Crise na Bolívia e o Varadouro 2008
É assim que a comunicação do Festival Varadouro intitula sua resposta em relação a dúvida da presença da banda boliviana Atajo.
Vale a pena conferir.
Sobre vampiros, magos e rpg
Por cima de tudo
A queda te espera
Decadência será teu guia
A sede do poder
A fome, a vingança
Te corrompe e rompe
todos os nossos
laços de sangues
e juras de amor"
Maria, NPC, anciã do clã Tremere.
===============================
Irei contar uma história sobre vampiros e magos baseado naquele conto "Sobre o amor, sol e lua", agora to lendo um artigo do marcelo Del debbio falando sobre os setes pecados capitais e parece ser também bem interessante para a crônica. Elas estão indo em anexo então leia antes de começar a criar o seu personagem.
Enfim, a criação do personagem irá ficar a cargo de cada um, poderão jogar todos os clãs de vampiro, apesar de eu dar preferencia para ventrue e tremere. Isso que quer dizer que se quiser jogar com um clã diferente da minha preferencia preparem-se para criar um bom personagem, isso tbm vale para os personagens que adotarem ventrue ou tremere, estes já poderão iniciar suas fichas com Mentor e Recursos 3.
Se forem jogar com Magos, darei preferência para a Ordem de Hermes e Verbena, mas também irá ficar ao critério do jogador escolher a melhor tradição para jogar. E em todo caso façam os seus personagens e vamos ir negociando.
Sobre o cenário, a história irá se passar na Era Vitoriana, será em alguma provincia da Inglaterra, alguma cidade ficticia. Para dar um charme a mais, esse cenario irá conter elementos steampunk, lembrando é só pra dar um charme.
Se quiser jogar mande seu personagem para os seguintes emails
ispunk182@gmail.com ou adaildo.neto@gmail.com
Lembrando que o sistema adotado será o Storyteller.
terça-feira, setembro 16, 2008
Crise na bolívia e o Varadouro 2008
Basta acompanhar os noticiários para saber o que anda acontecendo na Bolívia, não é novidade que lá o país está a beira de um guerra civil. Então como fica a escalação boliviana do Festival Varadouro?
Será que o Atajo vem? Num momento de tantas dúvidas, esse e uma que não pode ser esquecida. Festival já está quase aí na beira.
E o marketing guerrilha? Tenho certeza que esse não é um bom momento pra falar sobre isso.
Circuito Amazônia das Artes traz ao Acre o cantor amapaense Zé Miguel
O Circuito Amazônia das Artes do SESC inciou-se no mês de abril com diferentes atividades. Cada estado faz um pedido de show em diferentes expressões artísticas, são elas: teatro, artes plásticas ou música. A partir daí os artistas são selecionados para se apresentarem nas capitais.
Segundo Derivaldo Albuquerque, coordenador do projeto no Acre, as programações não seguem um padrão fixo de shows por mês, justamente por ser um projeto itinerante, no qual cada artista visita vários locais em sequência. E o projeto visa a aproximação da linguagem musical e o fortalecimento da Amazônia.
Sobre o convidado, Derivaldo comenta que foi uma feliz escolha. "Zé Miguel tem compromisso com o a essência da música regional", diz o coordenador. Zé Miguel vêm ao Acre acompanhado dos músicos João Fernandes, Benedito Martins, Cleverson Bahia, Rogério Santos.
Zé Miguel (à direita) é um dos grandes representantes da música amapaense
O cantor - A carreira de Zé Miguel como cantor ganhou destaque na década de 80, através de festivais de música do Sesc. Seu primeiro disco ainda em vinil, foi em 1991, intitulado Vida Boa, nome da canção que retrata a vida do caboclo da Amazônia. Em 1996 lançou Planeta Amapari, junto aos compositores Val Milhomem e Joãozinho Gomes. Em 1998 lançou Lume, o segundo da carreira solo, e em 1999 gravou o Dança das Senzalas, com o Quarteto Senzalas, do qual fez parte por cerca de quatro anos. Em 2000, lançou na Alemanha e na França ainda com o quarteto a coletânea que acabou por se chamar também Planeta Amapari.
Algumas das obras de Zé Miguel também fizeram parte da coletânea Brasil 500 anos de Groove, lançada simultaneamente na Alemanha e na França, ambas pela gravadora Alemã Ganzer Hanker GMBO. Em 2002 lançou o Cd Zé Miguel acústico, do qual fazem parte as músicas Pérola azulada e Vida boa, os dois maiores sucessos de toda a sua carreira. Depois participou de outras coletâneas e gravou mais dois trabalhos. Atualmente trabalha a divulgação de seu primeiro DVD intitulado Meu endereço, lançado em Macapá em janeiro de 2008.
O projeto - Circuito Amazônia tem o objetivo de praticar o intercâmbio cultural de artistas nos estados do Norte. O show de Zé Miguel também foi inserido na programação do Festival de Teatro do Acre (Festac) em Cena. O ingresso está disponível ao preço de R$ 3 para comerciários e estudantes, e R$ 6,00, para os demais.
Informações: 3212-2815 (Sesc).
sábado, setembro 13, 2008
Filomedusa no Jambolada 2008
O Jambolada 2008 não prioriza estilos e buscando uma maior diversidade da chamada nova música brasileira, reforçado pelo tema “Misturando Sons”, traz para esta edição, ritmos que passeiam do rock amazônico ao hip hop, do punk rock ao folk. Não é só de boas bandas que vive o Jambolada, uma semana inteira de debates, palestras, workshops e oficinas fizeram parte da programação, um dos palestrantes - Rodrigo Lariú -, afirma que a intenção é sugerir ações e ouvir dos presentes, críticas e ponderações.
Programação do Jambolada 2008
12/09, sexta-feira, na Acrópole
Palco 1
20h00 - DCV (URA-MG)
21h00 - Linha Dura (MT)
22h00 - Metal Carnage (UDI-MG)
23h00- Vandaluz (PTM-MG)
00h00- Wander Wildner (RS)
01h45 - Cordel do Fogo Encantado (PE)
Palco 2
20h30 - Dyf (UDI-MG)
21h30 - U-Ganga (MG)
22h30 - Carolina Diz (BH-MG)
23h30 - Sick Sick Sinners (PR)
01h00 - Macaco Bong (MT)
13/09, sábado, na Acrópole
Palco 1
20h00 - Transmissor (BH-MG)
21h00 - Krow (UDI-MG)
22h00 - Dissidente! (UDI-MG)
23h00 - Mallu Magalhães (SP)
00h30 - Porcas Borboletas (UDI-MG)
01h45 - Ratos de Porão (SP)
Palco 2
20h30 - Galinha Preta (DF)
21h30 - Juanna Barbera (UDI-MG)
22h30 - Enne (BH-MG)
00h00 - Diego de Moraes e o Sindicato (GO)
01h00 - Madame Saatan (PA)
14/09, domingo, no CC Ufu Sta Mônica
17h00 - Ophelia and the Three (UDI-MG)
18h00 - Filomedusa (AC)
19h00 - Renegado (BH-MG)
20h00 - Aline Calixto e Eterna Chama (BH/UDI-MG)
21h00 - Marku Ribas (BH-MG)
Quer saber mais?
http://jambolada.blogspot.com
http://jambolada.com.br
http://gomamg.blogspot.com
Prêmio Dynamite de Música Independente 2008.
Votem: http://premiodynamite.com.br
Foto: Talita Oliveira.
Acesse: http://flickr.com/photos/talitaoliveira
bilhete de cá
É sexta. E podia estar fazendo dez coisas, mas, entre as mil há de ficar o texto.
Entro no meu blog e suspiro. Não é. Vontade além.
Entro em outros blogs, Altino, Toinho, todos lá.
Lembro do Neto, da Milena. Como começaram lá atrás tudo isso. Bonito. As gêmeas, o Italo, Talita, Gi, Glauber, Miriane, Saulinho, Cidão...
Vontade de escrever uma carta. Um bilhete:
Amores meus, como está lindo o blog!
Desculpa me entrometer na pauta. Amanhã é só deletar.
Vim só dar um beijo.
Saudade de vocês, de todos os meus amigos artistas. Saudades do Acre.
(ps: a Fernanda não só agarrou o Aurélio, como tiveram um filho. hahaha )
sexta-feira, setembro 12, 2008
Projeto "Combatendo a corrupção eleitoral"
"(...)O Código Eleitoral já a tipifica como crime, mas essa forma de corrupção [compra de votos] fica quase sempre impune. Por isso mesmo ela se torna uma prática corriqueira nas campanhas eleitorais, aceita sem maiores críticas por candidatos e eleitores. Desvirtuando no entanto o exercício do voto e abrindo espaço para o abuso do poder econômico, na exploração das carências populares, ela falseia gravemente os resultados eleitorais. Dois terços da população brasileira vive em situação de carência, com baixo nível de consciência política. A quantidade de votos que podem ser "comprados" junto a essa parcela da população chega a ser, portanto, decisiva numa eleição. Por outro lado, essa prática é perversa: para aqueles que se elegem "comprando" votos, torna-se muito útil manter na miséria e na ignorância política um "exército eleitoral de reserva" o mais numeroso possível."
Trecho retirado do site http://www.lei9840.org.br/. A campanha do "Ficha Limpa" busca coletar assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular, cujo a meta é impedir a candidatura de políticos condenados por crimes graves. Em casos onde ocorra improbidade administrativa, o Projeto de Lei busca uma condenação criminal para que o canditado esteja inelegível.
A polêmica gira em torno de possíveis injustiças que podem acontecer. Vejamos o argumento utilizado no mesmo site, apresentando um suposto mecanismo para evitar tal falha:
"No caso dos políticos que detém foro privilegiado, a proposta é que a inelegibilidade decorra tão-somente do recebimento da denúncia, já que, segundo a Constituição, muitos desses processos podem até ser suspensos por decisão do Parlamento. Além disso, as denúncias criminais, nesses casos, terão que ser recebidas por um tribunal formado por diversas pessoas, o que dá maior garantia de que o processo será iniciado com base em alegações fundamentadas e embasadas em provas."
Bem, agora é só nos aprofundarmos um pouco mais nessa importante questão e debatermos para agirmos. Vamos lá, agora sim é hora de comentar com a habitual voracidade!
quinta-feira, setembro 11, 2008
Show Montage = 10 reais + 1kg de alimento não-perecível
Realização da Associação dos Homossexuais do Acre (AHAC), em parceria com o Governo do Estado, através da Fundação Elias Mansour, com recursos oriundos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Toda a bilheteria será revertida para projetos da AHAC.
Colaboração dos Organizadores da 4ª Semana da Diversidade
Henrique Gallo e Thiago Fialho ja confirmaram presença!
quarta-feira, setembro 10, 2008
O poder do Grito Acreano.
(...)Este foi um comentário do Thiago Fialho, colaborador aqui do Grito Acreano, sobre a escalação das bandas do Festival Varadouro 2008.
Eu teria colocado o Los Porongas pra fechar o 1º dia e deixava o headline Cordel pra fechar o 2º.
Os dois no 2º dia é pedir pra que muita gente não vá no 1º. Tá certo que o ideal mesmo seria um headline pra cada dia (...)
Horas depois foi mudada a escalação do Festival. Veja você mesmo aqui.
Coincidencia ou não. Fica a critério de cada um. Mas acho válido ressaltar a importância da opinião destes que comentam por aqui.
terça-feira, setembro 09, 2008
Festival Varadouro 2008
Mas e aí, qual dessas bandas você NÃO gostaria de ver no Festival Varadouro?
Boddah Di Ciro (TO)
La Pupuña (PA)
Ecos Falsos (SP)
Pata de Elefante (RS)
Atajo (BOL)
Diego de Moraes e o Sindicato (GO)
cabocrioulo (AM)
Linha Dura (MT)
Bareto (PER)
Hey, hey, hey (RO)
Cordel do Fogo Encantado (PE)
Velho da Corrente - A lenda
Era o que todos diziam
Quando ele se perdeu"
Legião Urbana, na canção Raimundeste Caboclo
Antes que receber o apelido de “Velho da Corrente”, este não-muito-simpático Sr. aí da foto nasceu “Raimundo”. Raimundo Modesto da Silva. O pai sempre quis que o bacuri¹ se chamasse "Domingos José", mas sua mulher o convenceu a colocar o nome de Raimundo, em homenagem ao bisavô. Alagoano de Santana do Mandaú, aprendeu cedo a não ser modesto apenas no nome. Logo teve que largar os estudos para ajudar na lavoura. Mas as dificuldades da vida no campo o levaram – como muitos de seus vizinhos nordestinos – a tentar a sorte no norte do país. E na boléia de um caminhão, embarcou rumo às planícies acreanas...
Ele ficou bestificado com o que encontrou na região. “Meu Deus, mas que terra bonita!”, dizia. “No ano novo eu começo a trabalhar. Aqui tem muita terra boa e sem dono. Até que enfim vou ter meu roçado, minha terrinha pra plantar”. Assim, Raimundo fazia planos e sonhava, sem imaginar que surpresas a vida lhe reservava para dali a alguns anos.
Não se sabe ao certo em que circunstâncias, mas Seu Raimundo acabou arranjando um pedaço de terra no Município de Boca do Acre(AM), que, como muita gente sabe, é mais acreano que amazonense. Estabeleceu-se e começou a produzir ali, com sua família, em regime de subsistência. Plantava mandioca, milho, tomate. Criava uma ou outra cabeça de gado. Até mesmo chegou a erguer, além da casinha onde morava, um curral e uma casa de farinha, e dizia o quanto essa terra era abençoada.
E não é que seu futuro era incerto?
Seu Raimundo, algum tempo depois, acabou sendo informado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA de que “sua” terra não era sua. Terras da União, eles diziam. Não tive acesso aos trâmites processuais, então vou me abster de tecer comentários jurídicos enfadonhos. O certo é que Raimundo teria que deixar a terra, mas seria indenizado por todas as benfeitorias que havia feito no local, ou seja, receberia um trocado – prêmio de consolação, talvez – pelas estruturas que tivesse erguido na terra (sua casinha, o curral, a casa de farinha, etc...). “Tudo bem...”, dizia ele, meio cabisbaixo. “Com esse dinheiro, arranjo outra terra e volto a ter meu lar de novo”.
Ocorre que o tempo foi passando e nada do Seu Raimundo receber uma dívida que começou em 50 mil reais e atualmente estar em mais de 500 mil reais!! (Ou pelo menos é o que ele diz ter direito a receber... me pergunto agora que mansão ele construiu no local...). Pois é, o Seu Raimundo, pessoa de pouca instrução, lembrem-se, botou na cabeça que tem direito a receber de indenização mais de 500 mil reais por ter sido expulso de sua terra e nada ter recebido até o momento (não me perguntem como uma dívida pode subir tanto... sou só o narrador desta fábula...).
Aí, vocês já sabem... o cara pirou, né?. Juntar anos e anos de exposição ao sol escaldante na lavoura com um problemão desses, bem... não é todo mundo que segura a onda.
Começou, então, a longa jornada de peregrinação e protesto de Raimundo. Meses e meses indo a Órgãos Públicos, pedindo informações, pedindo agilidade no processo, pedindo, pedindo... “Tô passando fome, minha gente!”. E nada da questão ser resolvida. Até que Raimundo se cansou. Talvez algo tivesse morrido dentro dele. Aquele fio de esperança que o levou para tão longe de casa. Nascia então o “Velho da Corrente”.
Ele passou a se acorrentar em prédios públicos, na tentativa de chamar a atenção das autoridades para o seu caso. Ficava dias acorrentado, sob sol e chuva, e dizem até que tentou colocar fogo no prédio da Assembléia Legislativa do Acre. As pessoas passavam na rua e viam aquele velhinho acorrentado. Uns sentiam pena, outros encorajavam. “É isso mesmo, Seu Raimundo! Continue assim que o Sr. consegue!”. Outros simplesmente o consideravam louco e talvez o fosse mesmo, já que quando ele botava algo em sua cabeça, nada nem ninguém o fazia mudar de idéia. Não se sabe. Mas a verdade é que o Velho da Corrente era uma figura curiosa.
Tive a oportunidade de conhecê-lo nessa fase de sua vida. Disse “oportunidade” e não “prazer”, pois não foi um encontro dos mais amistosos. Trocamos algumas palavras apenas, quer dizer, ele trocou comigo, a maioria xingamentos. Eu trabalhava à época na Procuradoria da República, onde ele ficou acorrentado durante 62 dias!! Isso mesmo, mais de dois meses, em que ele, religiosamente, chegava às oito da manhã, acorrentava-se ao portão e de lá só saía às seis da tarde, para retornar no dia seguinte e repetir a façanha. E não importava o número de pessoas que chegavam até ele e diziam “Seu Raimundo, o Sr. não vai resolver seu problema aqui...”. Ele estava irredutível. Pra se ter idéia, não podíamos sequer oferecer água a ele... “Não! Vocês querem me matar! Sai daqui! Eu quero meu dinheiro!!”...
Um dia, depois de mais de dois meses, cansado e debilitado do protesto pacífico, o Velho da Corrente resolveu xingar um Procurador da República. Este, obviamente, não gostou e lhe deu voz de prisão. Seu Raimundo tratou logo de soltar as correntes e saiu em disparada rumo ao Segundo Distrito daqui de Rio Branco, passando pela Ponte Metálica e sendo perseguido por um Procurador da República, numa cena digna de filmes de ação do John Woo (só que sem as explosões e tal). Conseguiu despistá-lo e sumiu pela cidade. Fiquei sabendo depois que o Procurador disse que “Raimundo possuía uma resistência impressionante”. Não duvido. Os anos de enxada e sol quente devem tê-lo feito uma rocha!
Desde então, nunca mais ouvi falar do Velho da Corrente. Sumiu na vida, sem conseguir aquilo pelo qual tinha vindo, como um João de Santo Cristo acreano. Resta agora esperar e ver se em algum lugar deste Brasil aparece um velhinho acorrentado num prédio público. Daí eu saberei que a lenda continua viva...
1 Bacuri: criança. Fonte: Dicionário Informal.
Links (para quem ainda acha que é só uma história...):
- Colono acreano tenta enforcamento em praça pública